Trabalho

Os efeitos dos níveis elevados da taxa de juros não se restringem ao setor bancário e ao segmento de crédito, mas também já são sentidos no mercado de trabalho. A partir do segundo semestre do ano passado, quando a taxa Selic atingiu 13,75% ao ano, observou-se uma mudança de tendência tanto no nível de ocupação e como na geração de empregos formais. Por outro lado, a massa de rendimentos reais dos trabalhadores registrou recuperação. 

Desemprego

A taxa de desemprego recuou de maneira significativa desde ter alcançado o valor máximo deste século, em janeiro de 2021, quando chegou a quase 15% por conta dos fechamentos e da diminuição da atividade econômica causada pela pandemia. Desde então, com a reabertura da economia, a taxa de desemprego foi diminuindo de maneira consistente até alcançar 7,9% no último trimestre de 2022, o menor nível desde 2015. 

FRASE

"É o trabalhador que é o homem feliz. O homem ocioso é o homem miserável

Benjamin Franklin, polímata norte-americano

Desemprego 2
Apenas na última medição, a primeira realizada sob o governo Lula, houve um novo aumento da taxa de desemprego, que subiu para 8,6%. Esse pequeno aumento é devido ao desaquecimento da atividade econômica interna, mas deve-se lembrar que a taxa atual de desemprego está bem próxima do nível médio de desemprego das últimas duas décadas. Mesmo durante o forte ciclo de crescimento de 20 anos atrás, a taxa de desemprego nunca ficou abaixo de 6%. 

Medidas
Outras duas medidas do aquecimento do mercado de trabalho são o nível de ocupação e a taxa de participação. O nível de ocupação refere-se ao percentual de pessoas em idade ativa (entre 15 a 64 anos) que está regularmente ocupada em um trabalho remunerado ou voluntário. O nível de participação refere-se à proporção de pessoas em idade ativa que está empregada ou desempregada, excluindo assim aqueles que deixaram voluntariamente o mercado de trabalho. 

Ocupação
O nível de ocupação vinha se recuperando desde meados de 2020, quando atingiu o menor valor dos últimos 10 anos, ficando abaixo de 50%. Em meados do ano passado, o nível de ocupação chegou a 57%, se aproximando da média da última década. No entanto, a partir do segundo semestre do ano passado, o crescimento arrefeceu e o nível de ocupação voltou a cair. 

Participação
A taxa de participação teve comportamento parecido. Partindo de um valor médio de 63% antes da pandemia, a taxa de participação caiu a 56% em meados de 2020. A reabertura econômica pós-pandemia trouxe recuperação na taxa de participação, que retornou ao patamar de 63%, mas a partir do segundo semestre essa taxa começou a recuar ligeiramente. 

Empregos 
A geração de empregos formais seguia crescendo no saldo líquido, com mais admissões registradas do que desligamentos. No entanto, essa tendência se reverteu, com diminuição do número de admissões e aumento dos desligamentos. Em dezembro de 2022, houve saldo negativo (mais desligamentos do que admissões) de 431 mil empregos em todos os setores da economia. Já em fevereiro deste ano, todos os setores tiveram expansão, com criação de 240 mil empregos.

Rendimentos
Em termos de rendimentos reais, houve recuperação acentuada. Durante a pandemia, os rendimentos habituais do trabalho chegaram a cair 14%. Esses rendimentos se recuperaram quase que plenamente em 2022, pelos aumentos das remunerações nominais e também devido à desaceleração da inflação. Tendo recuperado os níveis pré-pandemia, pouco acima de R$ 2,8 mil, os rendimentos registraram estabilidade na última medição. 

Rendimentos 2
Com a recuperação dos rendimentos e a redução da taxa de desemprego, a massa de rendimento do trabalho disponível para as famílias aumentou, chegando a R$ 275 bilhões, um nível mais elevado do que no período anterior à pandemia. A massa de rendimento efetiva é ainda maior, pois incorpora os benefícios sociais que também foram expandidos. O mercado de trabalho se recuperou plenamente da pandemia e sua evolução agora depende do crescimento da economia.