Carteira de trabalho digital (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Os dados da PNAD contínua, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, mostraram que a taxa de desocupação caiu ao nível de 8,9% no trimestre móvel que vai de junho a agosto deste ano. Essa taxa de desocupação é a menor desde a pandemia. Isso mostra um aspecto de evolução positiva do mercado de trabalho no Brasil. A desocupação nos três meses anteriores estava em 9,8% e a taxa registrada no mesmo período (junho a agosto) do ano passado estava em 13,1%.
Desocupação
A taxa de desocupação se refere ao percentual de pessoas que tem procurado emprego de maneira efetiva, sem encontrar uma colocação no mercado de trabalho. No começo da década passada essa taxa oscilava em torno de 7%. Com forte recessão que atingiu o Brasil em 2015, o desemprego começou a aumentar, ficando em torno de 12%. Na pandemia, a desocupação chegou a quase 15%. Agora, com a economia se recuperando, a taxa recuou ao mesmo nível do final de 2015.
FRASE
"O trabalho lhe dá significado e propósito e a vida é vazia sem ele."
Stephen Hawking, físico britânico
Desocupação 2
A população desocupada atualmente está em 9,7 milhões de pessoas. É um número muito alto ainda, mas mostra evolução do mercado de trabalho. Há 12 meses, a população desocupada era de quase 14 milhões de pessoas. Ao longo dos últimos 12 meses, cerca de 4,2 milhões de pessoas encontraram colocação no mercado de trabalho. Com essa evolução, a população ocupada atingiu o maior número da série histórica, totalizando 99 milhões de pessoas.
Desafios
Os dados mostram uma melhora quantitativa do mercado de trabalho que não pode ser ignorada. É importante, tanto para a economia como para o nível de bem estar social, que mais pessoas estejam engajadas no mercado de trabalho. No entanto, ainda existem problemas a serem enfrentados e muitos aspectos a melhorar, como o nível de formalidade na ocupação e os rendimentos dos trabalhadores.
Subutilização
A taxa composta de subutilização está em 20,5%. Embora essa taxa esteja caindo (há 12 meses era de 27%), ainda é bastante alta. A população subutilizada é aquela que poderia empenhar mais horas de trabalho do que as horas atualmente trabalhadas ou ainda que possui qualificações superiores àquelas exigidas pela vaga para a qual está contratada. Atualmente a população subutilizada é de quase 24 milhões de pessoas.
Desalento
A população desalentada atingiu 4,3 milhões de pessoas e está estável. Desalentadas são aquelas pessoas que gostariam de estar trabalhando, mas simplesmente desistiram de procurar emprego por acreditar que não irão encontrar. Diferentemente da população fora da força de trabalho (64,6 milhões de pessoas), que está em idade economicamente ativa, mas que decide voluntariamente se ausentar do mercado de trabalho para se dedicar a outras atividades.
Carteira Assinada
Embora o número de empregados com carteira de trabalho assinada tenha aumentado em quase 3,1 milhões de pessoas nos últimos 12 meses, o número de empregados no setor privado sem carteira assinada atingiu o maior valor da série histórica iniciada em 2012, crescendo 16% nos últimos 12 meses e somando 13,2 milhões de pessoas. No setor privado, de cada quatro empregados, um está trabalhando sem carteira assinada.
Rendimentos
Os rendimentos mensais médios do trabalho têm subido desde o final do ano passado e atingiram R$ 2.713. No entanto, ainda há muito o que recuperar em termos de renda do trabalho. O valor atual do rendimento médio do trabalho é igual ao rendimento que era observado em março de 2013, quase dez anos atrás.
Pleno Emprego
Existem 14 milhões de brasileiros entre desempregados e desalentados. Além disso, temos 24 milhões de pessoas subutilizadas e 39,3 milhões de pessoas trabalhando na informalidade. A queda da população desocupada é um dado ótimo e sem isso não há como melhorar o mercado de trabalho, mas ainda estamos muito longe de uma economia funcionando em pleno emprego. Definitivamente, não é o mercado de trabalho que está puxando a inflação.