EDITORIAL

Todos pela retomada do ‘Made in Brazil’

Do Correio Popular
26/08/2022 às 11:20.
Atualizado em 26/08/2022 às 11:20
Indústria que produz filtros e equipamentos para as áreas hospitalar e farmacêutica, entre outras: novas linhas de crédito do BNDES poderiam incrementar ainda mais o desempenho do setor (Gustavo Tilio)

Indústria que produz filtros e equipamentos para as áreas hospitalar e farmacêutica, entre outras: novas linhas de crédito do BNDES poderiam incrementar ainda mais o desempenho do setor (Gustavo Tilio)

O último balanço da produção das indústrias na região de Campinas, divulgado periodicamente pelo Ciesp, evidencia uma forte tendência de crescimento econômico, o que é uma ótima notícia dada às atuais circunstâncias. As fábricas da região registraram um aumento de 35,6% nas exportações em julho, o sétimo mês seguido de expansão e segundo melhor desempenho deste ano. Para os analistas do setor produtivo, o desempenho é excelente, porque mostra que as empresas estão produzindo em larga escala e dentro de uma dinâmica de desenvolvimento sustentável, ou seja, com sólidos fundamentos para continuarem o ritmo.

Por outro lado, o mesmo relatório produzido pelo Ciesp volta a demonstrar o grau de dependência do Brasil em relação a outros países mais avançados em tecnologia, educação e processos industriais. Esse desequilíbrio se reflete na balança comercial regional que, apesar do resultado positivo das exportações de julho, segue em baixa, em razão do maior volume de importações. O saldo negativo na carteira de comércio internacional é de quase R$ 30 bilhões no acumulado do ano, valor 20% superior ao obtido no ano passado, que ficou próximo aos R$ 25 bilhões de saldo negativo na diferença entre o volume exportado e importado registrado nos primeiros sete meses de 2021. Diante da persistência desse quadro, que tipo de reflexão podemos construir a partir desses números? Para as lideranças empresariais, esse dado indica que o Brasil precisa reverter esse processo, deixando de ser uma nação importadora para ingressar no clube dos industrializados. Não é uma tarefa fácil, pelo contrário, demandará mudança substancial na política industrial brasileira, retomando alguns pilares do capitalismo desmontados nas últimas décadas.

Há um consenso de que a pandemia expôs as fraturas do atual modelo de globalização, que concentrou em países asiáticos quase toda a planta industrial do planeta. Com isso, a dependência se acentuou, a ponto de enfrentarmos problemas sérios, como o ocorrido na produção de vacinas e fertilizantes, o primeiro por conta de um fenômeno natural - a covid-19 - e o segundo por questões geopolíticas externas - como a guerra entre a Rússia e Ucrânia. Para o país voltar a ser uma nação industrializada, é preciso realizar as reformas tributária e administrativa, tornando o ambiente macroeconômico mais atrativo, de modo que as empresas possam ser mais competitivas, gerando empregos e dentro de um círculo virtuoso de desenvolvimento.

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