Tempo de Trabalho

No dinamismo da economia contemporânea, não apenas a forma de produzir foi profundamente transformada, mas também a nossa relação com o trabalho e o tempo dedicado a ele passaram por mudanças significativas em comparação com épocas anteriores. O avanço das tecnologias da informação e dos meios de comunicação permitiram que a produtividade aumentasse, mas será que hoje trabalhamos menos do que antigamente?

Trabalho

A questão é relevante pois o trabalho é uma parte central em nossas vidas e, muitas vezes, algo que se confunde com a nossa própria identidade pessoal. Ao longo de nossas vidas, dedicamos milhares de horas ao trabalho, por décadas a fio, e mensurar o tamanho do nosso esforço é importante para conhecer melhor a nossa sociedade e o mundo em que vivemos.

FRASE

"Coloquei todo o meu coração e minha alma em meu trabalho e perdi minha mente neste processo"

Vincent Van Gogh 

Competição

No mundo altamente competitivo de hoje, é fácil presumir que estamos todos, de uma maneira geral, trabalhando mais do que nunca, sempre com metas a bater, prazos a cumprir e projetos a completar. Nossos concorrentes não descansam, logo nós também não devemos descansar, e seguimos trabalhando mais e mais. Mas será que esse é realmente o caso? Estamos gastando mais horas no trabalho do que as gerações passadas?

Dados

Apesar da percepção que temos de que trabalhamos sempre mais, os dados mostram que não. Nos últimos 150 anos, as pesquisas mostram que as horas de trabalho diminuíram de maneira significativa, especialmente nos países que hoje são mais desenvolvidos. Ao longo do século XIX e em grande parte do século XX, era comum que as pessoas precisassem empregar jornadas de trabalho extremamente longas para ter seu sustento.

Passado

Durante a Revolução Industrial e nos anos em seguida, as jornadas de trabalho regulares eram extensas. Os trabalhadores frequentemente enfrentavam jornadas de 12 horas ou mais, sem a proteção de regulamentações trabalhistas que hoje são consideradas direitos básicos essenciais. Na Alemanha, em 1870, o trabalhador médio empregava 3.284 horas de trabalho por ano. Isso é o equivalente a pouco mais de 63 horas por semana, sem qualquer período de férias no ano.

Transição

À medida que avançamos para o século XXI, o panorama do trabalho experimentou uma transformação gigantesca. A introdução de avanços tecnológicos redefiniu a natureza do trabalho. A automação e a eficiência proporcionadas pela tecnologia trouxeram ganhos de produtividade que permitiram a redução do tempo necessário para realizar tarefas específicas. Atualmente, na Alemanha, o tempo de trabalho médio dedicado está abaixo de 1.500 horas por ano.

Brasil

No caso brasileiro, também se verificou uma diminuição do tempo médio dedicado ao trabalho ao longo dos anos. Em 1970, o trabalhador brasileiro dedicava 2.145 horas de trabalho por ano, contra 1.976 h/ano na China, 2.042 h/ano na Itália e 1.891 h/ano nos Estados Unidos. Em 2017, o tempo médio de trabalho era de 1.709 h/ano no Brasil, 1.757 h/ano nos Estados Unidos, 1.723 h/ano na Itália e 2.174 h/ano na China.

Tecnologia

Se, por um lado, o avanço tecnológico permitiu ganhos de produtividade e de rapidez, por outro lado, o fato de estarmos sempre conectados desafia a fronteira entre vida profissional e pessoal, causando uma diluição das fronteiras entre o horário de trabalho e o tempo livre. A constante conectividade também levanta preocupações sobre o esgotamento profissional, com muitos trabalhadores sentindo a pressão de estar sempre disponíveis.

Produtividade

Nos últimos 20 anos, no entanto, a variação do tempo de trabalho tem sido mínima na maior parte do mundo. Embora as jornadas formais tenham diminuído, esse processo pode ter se esgotado, ao mesmo tempo que a natureza do trabalho evoluiu para incluir uma gama maior de atividades e de responsabilidades. Isso tem sido um desafio em termos de saúde mental e até mesmo da manutenção de um ambiente de trabalho que promova a produtividade.