Evento sem precedentes na história da humanidade, a pandemia da covid-19 continuará solapando significativamente a sociedade (Divulgação)
Evento sem precedentes na história da humanidade, a pandemia da covid-19 - que atravessa a quarta onda no país com duas semanas seguidas de alta na média de internações e mortes - continuará solapando significativamente a sociedade e deixando sequelas ainda não totalmente dimensionadas pela comunidade médica. A atual emergência mundial de saúde se diferencia de epidemias passadas, dado que em tempos remotos não havia o cenário contemporâneo de integração entre os países, circulação de mercadorias e pessoas e densidade demográfica, fator que potencializa a transmissão de patogênicos.
Em que pese os avanços que a medicina e biociência molecular empreenderam em curto período de tempo, as lacunas de informação a respeito da covid-19 ainda são imensas. Sobre isso, muito estudo ainda será demandado pela comunidade científica para responder questões sobre letalidade, transmissão, tratamentos e efeitos ou sequelas em pessoas infectadas. Tudo isso ainda é muito preliminar. Neste momento, a produção científica é fundamental para entender melhor a doença e seu impacto e encontrar soluções.
Pesquisadores e cientistas de todo o mundo estão se mobilizando para estimar a extensão e profundidade dos danos que a doença pode causar à saúde da população e o impacto econômico e social da epidemia. Neste esforço coletivo, Campinas sai na frente com uma tecnologia 100% nacional desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Trata-se de um teste para detecção de covid inédito no planeta. Além de diagnosticar a doença, o exame também aponta a sua gravidade, ou seja, se é leve, moderada ou alta. O exame é realizado por meio da análise do plasma sanguíneo e com o auxílio de um equipamento chamado espectrômetro de massa - uma espécie de balança de alta tecnologia. O resultado do exame, com toda a sua complexidade e sofisticação, fica pronto em um tempo extraordinariamente curto - em até um minuto.
Com a tecnologia pronta e disponível, o próximo passo é aguardar o interesse de laboratórios, hospitais e industria farmacêutica para a fabricação e distribuição em massa desse novo produto, que terá, inclusive, uma versão para comercialização em farmácias, como já ocorre com os autotestes de covid-19 disponíveis no mercado. O exemplo da Unicamp mostra que deixar de dar prioridade a investimentos em pesquisa é ignorar as evidências e colocar em risco a capacidade de resposta futura da ciência brasileira em área tão relevante.