XEQUE-MATE ECONOMIA

Taxa de juros

Esféfano Barioni
03/02/2023 às 10:45.
Atualizado em 03/02/2023 às 10:45
Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Nesta quarta-feira, em sua primeira reunião do ano, o Copom decidiu manter inalterada a taxa básica de juros. Assim, a taxa Selic fica mantida no atual nível de 13,75% ao ano pela quarta vez consecutiva. A decisão não trouxe nenhuma surpresa, pois já era esperada pela maioria dos agentes de mercado, o que já é um ponto positivo. Surpresas na economia, e especialmente na condução da política monetária, nunca são boas. 

Federal Reserve

Também houve decisão da taxa de juros nos Estados Unidos. O Fomc, que é o órgão formado por diretores do Federal Reserve equivalente ao Copom no Brasil, efetuou um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros, levando a taxa de juros de referência de 4,50% para 4,75% ao ano. Parece baixo em comparação com os juros brasileiros, mas é a mais elevada taxa dos últimos 15 anos no país. 

FRASE

"O Comitê avalia que tal conjuntura eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas"

Trecho do Comunicado da 252ª Reunião do Copom

Exterior
No comunicado que acompanha a divulgação de sua decisão, o Copom identifica um crescimento econômico mundial abaixo do potencial, restringido exatamente pelo aumento das taxas de juros nas economias centrais. Por outro lado, a economia tem se mostrado mais resiliente do que o esperado e o relaxamento das restrições sanitárias contra a covid na China podem ajudar a aquecer a economia global.

Brasil
A atividade econômica brasileira segue desacelerando, como era previsto. Apesar disso, os preços seguem pressionados e a inflação persiste acima do intervalo compatível para que a meta seja alcançada. Vale lembrar, para esse ano a meta do Banco Central é manter a inflação entre 1,75% e 4,75% ao ano, enquanto o mercado está projetando uma inflação encerrando o ano a 5,7%. 

Preços administrados
Um ponto importante dessa continuidade de pressões inflacionárias são os preços administrados, que são os preços sob regulação direta do governo, tais como tarifas de eletricidade e saneamento, por exemplo. Tendo sido represados no ano anterior, agora os preços administrados devem subir com força. Segundo as projeções de inflação do Copom, os preços administrados devem subir 10,6% este ano, impactando os demais preços da economia. 

Riscos de alta
São três os principais riscos de alta para a inflação identificados pelo Copom. O primeiro é a manutenção de pressões inflacionárias globais, especialmente por choques de oferta. O segundo risco são as incertezas fiscais que permanecem e os efeitos que os estímulos fiscais (ou seja, mais gastos) provocarão sobre a demanda, mantendo-a aquecida. O terceiro risco é a possibilidade de que a economia brasileira esteja mais próxima do pleno emprego do que se imagina. 

Riscos de baixa
Os fatores que podem contribuir para segurar a inflação também são três. O primeiro seria uma queda no preço das commodities em Reais (ou seja, combinação dos preços em dólares e valorização do Real). O segundo seria a desaceleração econômica mundial ser mais forte que o projetado, com efeitos parecidos sobre os preços. O terceiro fator seria a manutenção dos cortes de impostos (que manteria preços mais baixos, mas pode comprometer o lado fiscal). 

Perseverança
No comunicado, o Copom reforça que continuará atuando para trazer a inflação para dentro do intervalo da meta, tendo como horizonte principal o terceiro trimestre de 2024, buscando também ancorar as expectativas de inflação. Quando produtores e consumidores esperam inflações mais elevadas, adotam comportamentos que produzem mais inflação. As expectativas de inflação têm se elevado com o alto volume de incertezas. 

Dureza
O tom do comunicado do Copom foi mais duro do que o habitual, reconhecendo que o esforço necessário para reduzir a inflação será maior. Além disso, o comitê tem trabalhado com cenários alternativos em que a taxa Selic é mantida a 13,75% durante todo este ano e ainda deixa aberta a possibilidade de realizar novos aumentos de juros. A verificar.

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