xeque-mate da economia

Soja

Estéfano Barioni
25/06/2022 às 17:05.
Atualizado em 26/06/2022 às 08:25
O Brasil tem se destacado na produção mundial de soja (Divulgação)

O Brasil tem se destacado na produção mundial de soja (Divulgação)

O Brasil tem se destacado na produção mundial de soja. Nos últimos anos, o país ultrapassou os Estados Unidos e tornou-se o maior produtor de soja do mundo. Em 2021, a soja foi o segundo produto mais exportado pelo Brasil em termos de valor, ficando atrás apenas do minério de ferro. No ano passado, o Brasil exportou mais de US$ 40 bilhões em soja. E o destino dessas exportações foi, majoritariamente, a China. 

Demanda Mundial

A demanda mundial por soja aumentou muito nos últimos anos. A produção mundial de soja que era de 81 milhões de toneladas em 1980 passou para cerca de 353 milhões de toneladas em 2021. Trata-se de um aumento significativo de mais de 3,5% ao ano, mesmo em um período que atravessou momentos de crises financeiras, guerras e até uma pandemia.

FRASE

"Todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém pode ver é a estratégia da qual a vitória é desenvolvida.”
Sun Tzu, general chinês

Consumo

Grande parte do crescimento da demanda mundial por soja se deve à China e ao vigoroso crescimento do país desde os anos 1980. A China é o maior consumidor mundial de soja, que em grande parte é utilizada para ração animal, especialmente na criação de frangos e porcos. Cerca de 77% de toda a demanda de soja é destinada para ração animal, 19% é utilizada para alimentação humana e 4% para a indústria de biodiesel e lubrificantes. 

Crescimento

Aproveitando o crescimento da demanda na China, o Brasil apostou no crescimento de sua produção. Em 1980, a produção brasileira de soja era de apenas 10 milhões de toneladas, enquanto a produção norte-americana era seis vezes maior, ficando em torno de 60 milhões de toneladas. De lá para cá, a produção americana dobrou e a brasileira aumentou em cerca de 13 vezes. 

China

A Argentina é o terceiro principal fornecedor mundial de soja, com pouco menos da metade da produção brasileira. A China, que é o principal destino da produção mundial de soja, aparece em quarto lugar como maior produtor. E é aqui que uma história de aparente crescimento pode passar a ter um final nada feliz. 

China 2

A China tem planos para aumentar substancialmente a sua produção de soja, diminuindo assim sua dependência do fornecimento externo. Atualmente o país produz cerca de 16,5 milhões de toneladas de soja ao ano e o objetivo é de aumentar essa produção em pelo menos 40%, elevando sua produção interna para 23 milhões de toneladas. 

Fornecimento

Esse aumento de produção deve acontecer até 2025, e o plano chinês faz parte das disputas comerciais e econômicas que o país tem travado com os Estados Unidos, que é o segundo fornecedor de soja para a China, logo atrás do Brasil. Durante a grande elevação dos preços das commodities do começo do ano, a China substituiu parte do fornecimento brasileiro por fornecimento norte-americano. 

Preços

Hoje, com os receios de um período de crescimento mundial mais baixo, os preços das commodities começaram a cair de modo geral. Os preços da soja já recuaram 10% em relação ao valor máximo observado nos últimos 12 meses. Dificilmente as cotações continuarão em alta, sendo puxadas para baixo com o aumento das taxas de juros nas principais economias do mundo. 

Substituições

A China não costuma deixar seus planos de lado, portanto é bom termos em mente que a intenção do país de diminuir sua dependência do fornecimento externo de soja se transformará em realidade. Em termos de planejamento, 2025 está logo aí. A princípio serão apenas 6,5 milhões de toneladas a menos por ano, ou 5% a menos em volume de exportações de soja. No entanto, outras substituições podem ocorrer depois. 

Visão de Longo Prazo

O desenvolvimento econômico de um país precisa de planejamento de longo prazo. Da mesma forma que a China está planejando diminuir sua dependência externa do fornecimento de soja, o Brasil faria muito bem em planejar depender menos das exportações que faz para a China. Especialmente no caso de exportações de produtos primários, que podem ser facilmente substituídos.
 

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