Seis Meses de Guerra

Na semana passada a guerra na Ucrânia completou seis meses. No dia 24 de fevereiro deste ano, tropas russas invadiram o território ucraniano para controlar duas repúblicas separatistas no país vizinho. Em resposta, Estados Unidos e Europa impuseram sanções comerciais e econômicas contra empresas e produtos russos. 

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Aparentemente, tanto a Rússia como os países ocidentais superestimaram suas capacidades no confronto. Tanto o poder militar russo como a extensão das sanções econômicas impostas pelo ocidente se demonstraram incapazes de dar um fim rápido ao conflito, seja pela vitória russa ou por sua asfixia econômica, e a guerra tem se estendido até hoje. 

FRASE

"Os dois guerreiros mais poderosos são a paciência e o tempo."

Leon Tolstói, escritor russo de Guerra e Paz

Energia

O maior impacto da guerra foi o aumento dos preços mundiais da energia. A Rússia é uma das maiores exportadoras de petróleo e de gás natural do mundo, sendo a maior fornecedora de energia da Europa. As sanções econômicas inicialmente não afetaram diretamente esses produtos, mas acabaram atingindo empresas transportadoras, seguradoras e adicionaram restrições nas formas de pagamento pelo petróleo e gás importados. 

Petróleo

No dia 24 de fevereiro, o petróleo estava em US$ 99 por barril. Com o conflito, o preço do petróleo aumentou muito rapidamente, alcançando quase US$ 128 na segunda semana de março. Depois disso, o valor ficou oscilando entre US$ 110 e US$ 120 na maior parte do tempo. Apenas recentemente o preço voltou à faixa dos US$ 99, com receios de que o mundo entre em um forte período de desaceleração econômica em 2023, fazendo a demanda cair. 

Gás Natural 

O gás natural foi ainda mais influenciado, pois nesse caso a dependência da Europa em relação ao produto russo é ainda maior. Nesses seis meses, o preço do gás natural passou de US$ 4,57 por MMBTU (unidade de energia para medição de gás) para os atuais US$ 9,27. O aumento é equivalente a uma alta de 103%. Atualmente o preço do gás natural está no mais alto patamar dos últimos 14 anos. 

Fertilizantes

Os preços dos fertilizantes também subiram bastante. A Rússia é um dos principais fornecedores mundiais de fertilizantes, cuja produção utiliza grandes quantidades de gás natural. Mesmo antes da invasão, as crescentes tensões já faziam o preço dos fertilizantes subirem. Desde o fim do ano passado até hoje, o índice de preços dos fertilizantes aumentou quase 65%.

Trigo

A produção de alguns alimentos também foi muito afetada. Ucrânia e Rússia são os maiores produtores mundiais de trigo. O preço do trigo no mercado internacional passou de US$ 926 no dia da invasão, para US$ 1.425 logo na primeira semana de março. Uma alta de 54% em apenas duas semanas. Atualmente o trigo recuou para US$ 805. 

Milho

Ucrânia e Rússia também estão entre os dez maiores produtores mundiais de milho. A guerra fez o preço do milho passar de US$ 695, no final de fevereiro, para US$ 818 em meados de abril, uma alta de 18%. Assim como aconteceu com o trigo e até com o petróleo, a perspectiva de um menor crescimento econômico também fez o preço do milho cair e atualmente está em US$ 664.

Inflação e Juros

Os efeitos da guerra da Ucrânia pressionaram a inflação em todo o mundo, especialmente devido a alta do preço da energia e também dos alimentos. Parte desses efeitos já foi absorvida pela resposta adotada pelas principais economias, com políticas de alta de juros. Nesses 6 meses, os juros nos Estados Unidos foram de 0,5% para 2,5% ao ano. No Brasil, os juros passaram de 10,75% para 13,75% ao ano.

Câmbio

A taxa de câmbio apresentou grande volatilidade nesses seis meses, mas acabou variando pouco no caso do Dólar. Em 24 de fevereiro, o Dólar estava cotado a R$ 5,12 e atualmente está por volta de R$ 5,06 (queda de 1,2%). Já o Euro passou de R$ 5,75 para R$ 5,03 (queda de 12,5%). Obviamente, a economia da Europa tem sido a mais afetada pela guerra, devido a sua grande dependência em relação à energia russa.