XEQUE-MATE DO ESPORTE

Rotatividade perniciosa

Elias Aredes, interino
13/12/2023 às 12:17.
Atualizado em 13/12/2023 às 12:17
Guarani e Ponte (Divulgação)

Guarani e Ponte (Divulgação)

Os números são cruéis. Desde que o Guarani voltou a colocar a Série B em seu calendário, a partir de 2017, o clube contou com 19 treinadores que sentaram no banco de reservas de modo oficial. Uma média de um profissional a cada 134,5 dias. Na Ponte Preta, o retrospecto mostra 16 técnicos, média de 136,8 dias para cada um. Nos dois casos, a média não inclui os interinos. Alguns desses comandantes sequer chegaram a disputar a Série B, como Allan Aal pelo Guarani em 2021 e Mazola Júnior na Macaca em 2019.

Falta de rumo

Será que a culpa desta ciranda infinita é somente das falhas dos treinadores? Não faltou respaldo dos dirigentes e paciência dos torcedores para aguardarem os frutos da escolha feita? Como esperar a comemoração do acesso se no primeiro solavanco tudo é trocado sem qualquer justificativa? A crise é profunda. É de conceitos e competência.

FRASE

"Espero ajudar a recolocar o Santos em seu devido lugar”

João Paulo, goleiro do Santos

Injustiça
Quando foi demitido, no dia 30 de agosto de 2020 do Guarani, o técnico Thiago Carpini sentiu o gosto de fel da incompreensão de dirigentes que não aceitavam o seu trabalho. Foi à luta. Termina 2023 com o vice-campeonato da Série A1 do Paulistão pelo Água Santa e o acesso garantido na Série B com o Juventude. E os dirigentes que lhe criticaram?! Onde estão? Procure.

Injustiça antiga
Em 2017, o técnico Oswaldo Alvarez, falecido em maio de 2020, foi acionado em caráter de emergência para assumir o Guarani. Deu conta do recado. Construiu uma arrancada que permitiu a equipe terminar o primeiro turno da Série B com 28 pontos. Foi o que salvou o Guarani do rebaixamento daquele ano. Vadão saiu no dia 29 de agosto de 2017 e nunca mais deixou o imaginário do torcedor do Guarani. E os cartolas que lhe demitiram?! Onde estão? A história faz justiça.

Sem formação
Independente deste cenário, algo não foi observado neste século no Brinco de Ouro: um técnico que saia das categorias de base, assuma o time profissional e faça sucesso. O jeito é esperar.

Desejo e realidade
Não existe um torcedor da Ponte Preta que não tenha uma pergunta na cabeça: e se Hélio dos Anjos permanecesse no clube? A história na Série B teria sido diferente? João Brigatti deu parte da resposta nas três rodadas finais. Ao atuar de modo mais propositivo e com marcação adiantada, a equipe disputou nove pontos contra Tombense, Juventude e CRB. Ganhou sete, e com muitos conceitos de Hélio dos Anjos.

Falta de chance
Com tanta rotatividade de profissionais, alguns nomes foram inexplicavelmente esquecidos na Ponte Preta. O nome mais latente vítima dessa injustiça é o de Leandro Zago, que fez sucesso nas categorias de base da Macaca e nunca foi cogitado - apesar da aprovação de muitos torcedores pontepretanos.

Ídolos de banco
No período recente, entretanto, a Ponte Preta foi especialista em formar ídolos de bancos de reservas. Na Ponte, Guto Ferreira deixou sua marca com o vice-campeonato da Série B de 2014. Apesar de alguns torcerem o nariz, Gilson Kleina deixou como legado a conquista do acesso em 2011 e o vice-campeonato paulista de 2017. Ganhou fãs eternos. Isso sem contar João Brigatti, em plena conexão com as arquibancadas.

Recado dado
João Brigatti é um sujeito sério. Honesto. Tem uma entrega de corpo e alma à Ponte Preta. Não pensa duas vezes em defender a instituição. Mas deve entender: futebol é resultado. Na hora H, o técnico sempre será o bode expiatório. Por quê? Simples: o dirigente sempre quer salvar a sua pele. Que Brigatti trabalhe. E tenha sucesso.

Técnico estrangeiro: quando?

O Cruzeiro está entre Fernando Gago e Gabriel Milito para ser o novo técnico. Ambos argentinos. A torcida do Internacional está aflita pela renovação de contrato de Eduardo Coudet. Ramón Diaz deve receber uma proposta de ampliação de contrato do Vasco da Gama. Juan Pablo Vojvoda é a estrela da ascensão do Fortaleza. Os técnicos estrangeiros estão por todos os lados e nunca foram cogitados no futebol campineiro. Quando os atuais técnicos de Ponte Preta e Guarani encerrarem seus trabalhos, alguém terá a ousadia de quebrar paradigmas? Veremos.
ELIAS AREDES, INTERINO

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