A ideia por trás do conceito de risco-país é obter uma medida para o risco adicional que investidores internacionais assumem ao realizar investimentos em um determinado país (Reprodução)
A ideia por trás do conceito de risco-país é obter uma medida para o risco adicional que investidores internacionais assumem ao realizar investimentos em um determinado país. Quando o investimento é feito em países que possuem moedas fortes, economias estáveis e instituições sólidas, o risco é baixo. Quando o investimento é feito em um país com moeda volátil, economia pouco robusta e instituições frágeis, o risco de crédito aumenta.
Prêmio de Risco
Do ponto de vista do investidor internacional, o risco-país é uma espécie de prêmio de rentabilidade exigido para compensar o risco adicional que está sendo assumido. Se, para investir em um determinado projeto nos Estados Unidos um investidor aceita 5% ao ano como retorno do investimento, para realizar um projeto idêntico na Argentina esse investidor pode pensar que 5% é pouco, e exigir uma rentabilidade maior para compensar o risco.
FRASE
"O prêmio de risco é a rentabilidade adicional que os investidores cobram pelo risco assumido"
Aswath Damodaran, especialista em finanças e autor
Prêmio de Risco 2
A lógica é fácil de entender. Qual é a chance de que o dólar, da noite para o dia, perca metade de seu valor frente a outras moedas do mundo, a economia norte-americana mergulhe numa crise profunda e as instituições do país entrem em colapso? Não muito grande. A chance de que esse mesmo cenário aconteça na Argentina é maior. Por isso o investidor exige um prêmio pelo risco.
EMBI+
Existem duas medidas principais de risco-país. A primeira é o EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) calculado pelo banco norte-americano JP Morgan Chase. O EMBI+ é calculado com base nos títulos de dívida externa emitidos por países emergentes. Atualmente, o EMBI+ do Brasil está em 364 pontos.
EMBI+ 2
Isso significa que os títulos brasileiros, por conta do risco adicional, precisam remunerar 3,64 pontos percentuais a mais do que os títulos equivalentes dos Estados Unidos. Se um título norte-americano oferecer uma remuneração de 2% ao ano, um título brasileiro precisa oferecer uma remuneração de pelo menos 5,64% ao ano para ser igualmente atrativo a um investidor.
Credit Default Swap
Outra medida útil para avaliar o risco-país é o CDS (Credit Default Swap). O CDS é um instrumento financeiro que funciona como uma espécie de seguro para os grandes investidores internacionais. Para se proteger do risco de quebra (Default), esses investidores compram um CDS, pagando um prêmio pela proteção.
CDS
Quanto maior o risco no país onde o investimento é realizado, mais caro é o prêmio. Os CDS de cinco anos dos Estados Unidos exigem pagamento de 0,21% ao ano. Já os CDS de cinco anos da Itália exigem pagamento de 1,53% ao ano. Os CDS do Brasil estão com um prêmio de 3,12% ao ano, enquanto os CDS da Argentina exigem pagamento de 10,31% ao ano.
CDS 2
A comparação entre os prêmios dos CDS de diferentes países traz poucas novidades. Todo mundo sabe que os Estados Unidos são considerados o destino mais seguro para investimentos. A Itália oferece menos riscos que o Brasil, pois possui instituições mais sólidas e está respaldada pela União Europeia e pelo Euro. Mais interessante é a evolução dos prêmios dos CDS de um país ao longo do tempo.
Rússia
Um dia antes da invasão da Ucrânia, os CDS da Rússia exigiam pagamento de 2,68% ao ano. Depois da invasão, o risco no país disparou. Hoje, os CDS da Rússia têm um prêmio de 138,8%. Ninguém pagaria mais do que o valor do investimento para obter proteção, portanto os prêmios dos CDS implicitamente consideram uma probabilidade de 100% de que a Rússia entrará em default.
Aumento do Risco
No começo do ano, os CDS brasileiros estavam com um prêmio de 2,07% ao ano. Já no final de maio, os prêmios tinham sido elevados para 2,24% ao ano. E atualmente estão cotados a 3,12% ao ano. O EMBI+ também tem registrado aumentos do risco Brasil. Além da maior aversão ao risco por conta do cenário externo, esse é um sinal de que o mercado não está recebendo bem a condução da economia brasileira.