XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Reunião do Copom

Estéfano Barioni/estefano.barioni@gmail.com
21/06/2024 às 18:27.
Atualizado em 21/06/2024 às 18:27

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Desta vez não houve surpresas e nem divergências. Na reunião desta quarta-feira, a última reunião do Comitê de Política Monetária realizada neste primeiro semestre, a decisão foi unânime e o Copom suspendeu o processo de cortes de juros, mantendo a Selic inalterada aos 10,5% ao ano. A decisão era amplamente esperada pelos agentes de mercado, tendo em vista o deterioramento da situação fiscal, a disparada do dólar e o repique da inflação.

Processo

O processo de afrouxamento do aperto monetário começou em agosto de 2022, quando a Selic estava em 13,75% ao ano. De lá para cá foram sete cortes consecutivos na taxa básica de juros, promovidas nas reuniões do Copom que ocorrem a cada 45 dias, mais ou menos. Foram 6 cortes de 0,5 ponto percentual de magnitude e 1 corte de 0,25 ponto percentual, realizado na reunião anterior a essa. Agora, como esperado, o Copom decidiu encerrar o ciclo de cortes de juros.

a frase 

“Um homem pode fazer o que quer, mas não pode querer o que quer."
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão 

Cenário Internacional 

No comunicado que acompanhou a decisão, o Copom destaca que as incertezas do cenário econômico externo, que já eram elevadas, se mantiveram, especialmente em relação às eventuais reduções de juros nos Estados Unidos e à dinâmica do processo de inflação nas economias centrais. Esse cenário aumenta o risco para as economias emergentes e exige uma postura mais conservadora na condução de suas políticas econômicas. 

Cenário Nacional 

No lado interno, os indicadores econômicos mostram que o mercado de trabalho e o nível de atividade em geral têm se mantido aquecidos além do esperado, o que reduz um pouco o alcance do controle de inflação pela taxa de juros. As medidas de inflação cheia seguem em trajetória de queda, mas as medições mais recentes indicam uma inflação ainda se mantendo acima da meta.

Inflação 

Atualmente, a inflação ao consumidor está aos 3,93% no acumulado dos últimos doze meses. Depois de vir em processo de queda contínua desde setembro do ano passado, a última medida do IPCA acumulado voltou a registrar aumento. Além disso, as projeções de inflação realizadas pelo mercado e também pelo Copom também têm aumentado. Agora, o Copom projeta o IPCA terminando o ano aos 4,0% e recuando para 3,4% só no final de 2025. 

Fiscal 

O aspecto fiscal foi novamente mencionado no comunicado do Copom, que reafirma a necessidade da manutenção de metas fiscais críveis e comprometidas com o balanço das contas e a sustentabilidade do endividamento público. Esses fatores são necessários para que as expectativas de inflação se mantenham ancoradas, o que induziria comportamento mais benignos e reduziria o esforço monetário para combater a inflação. 

Placar 

Desta vez o placar foi unânime. Todos os 9 componentes do Copom votaram pela interrupção dos cortes de juros e manutenção da taxa Selic a 10,5%. Todos, inclusive os quatro membros indicados pelo presidente Lula, que nos últimos dias promoveu uma verdadeira campanha de difamação contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmando que este joga contra o país. 

Projeção 

Assim como já tinha acontecido na reunião anterior, novamente o Copom não forneceu nenhuma indicação ou fez qualquer projeção explícita sobre os próximos movimentos da política monetária. Se limitou a afirmar que esses movimentos serão alinhados ao compromisso de fazer a inflação convergir para a meta estabelecida, que é de 3% ao ano. Para isso, irá manter uma política monetária contracionista pelo tempo que for necessário.

Perspectiva 

No entanto, para um bom entendedor, meia palavra basta. O Copom projeta diferentes cenários para a inflação e no cenário em que a taxa Selic é mantida constante até o final de 2025, as projeções de inflação são quase idênticas às projeções oficiais do Comitê. Portanto, não será de se espantar se não tivermos mais qualquer corte de juros neste ano e a Selic seja mantida a 10,5% até dezembro. Este se tornou o cenário mais provável.

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