XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Reunião do Copom

Estéfano Barioni/[email protected]
19/06/2024 às 17:56.
Atualizado em 19/06/2024 às 17:56
Banco Central do Brasil (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Banco Central do Brasil (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Hoje, o Comitê de Política Monetária conclui sua quarta reunião deste ano, e a última realizada ainda neste primeiro semestre. A reunião está acontecendo em dois dias, como sempre, e hoje no fim da tarde será divulgada a decisão do Comitê em relação ao nível da taxa básica de juros. Grande parte das apostas já aponta para a interrupção dos cortes de juros, o que manteria a Selic inalterada aos 10,5% ao ano.

Indicação

Em sua reunião passada, realizada no princípio de maio, o Copom reduziu o ritmo de cortes de juros de 0,50 para 0,25 ponto percentual, contrariando sua própria projeção da reunião anterior. Essa projeção era apenas indicativa, não há dúvidas em relação a isso, mas mesmo assim uma expectativa havia sido criada. Uma expectativa que foi frustrada quando o Copom adotou a posição mais conservadora, diminuindo a extensão do corte de juros.

a frase

“Grandes coisas são feitas quando homens e montanhas se encontram."
Willian Blake, poeta britânico 

Indicação 2 Entre o custo de frustrar as expectativas e o custo de aparentar esmorecer no compromisso de trazer a inflação para a meta de 3% ao ano, os membros do Comitê acabaram decidindo arcar com o primeiro. E para não acabar tendo que escolher novamente o menor dos custos, dessa vez não houve qualquer indicação sobre a decisão de juros que acontecerá hoje. Em sua última reunião, o Copom preferiu não realizar nenhuma indicação sobre os próximos movimentos. 

Cenário Externo

O cenário econômico piorou muito na última semana, com vários indicadores atingindo as piores marcas do ano. Do lado externo, mantém-se a expectativa de que os Estados Unidos terão um período prolongado de juros elevados, terminando 2024 com taxas de 5% ou mais (atualmente estão a 5,5% ao ano). Na Europa, a instabilidade causada pela convocação de novas eleições parlamentares na França aumentou a volatilidade e a aversão ao risco.

Cenário Interno 

No cenário interno, a situação fiscal continua trazendo preocupações, especialmente com a mais recente derrota do poder executivo no caso da MP de PIS e Cofins. A situação se tornou mais delicada ainda por conta do desgaste do Ministro Fernando Haddad, que precisa ter capital político para negociar o avanço de pautas econômicas importantes no Congresso. 

Dólar 

Com esse cenário e a maior aversão ao risco, o Brasil teve um grande fluxo de saída de capitais na semana passada, fazendo com que a nossa moeda sofresse. O Dólar atingiu o valor máximo do ano, ultrapassando os R$ 5,40 e fechando a semana passada aos R$ 5,38. O Euro ultrapassou os R$ 5,84 na quarta-feira e fechou a semana aos R$ 5,76. As duas moedas atingiram a cotação máxima do ano e também desde o início desse governo. 

Importados 

A fuga de capitais e a consequente perda de valor do Real são problemas para o combate à inflação, pois tornam os itens importados mais caros. Esse efeito vai além da seção de importados do supermercado. O Dólar mais caro afeta o preço dos combustíveis, pois uma parte de nossa demanda continua sendo importada, afeta o custo de fertilizantes, impactando o custo de alimentos, e afeta o preço de insumos e componentes necessários para a produção industrial. 

Curva de Juros

A situação também trouxe impactos na curva de juros futuros, que se elevou ao mais alto nível dos últimos doze meses, superando taxas de 12% ao ano nos vencimentos mais longos, e projetando inflações implícitas maiores do que 5% ao ano (também para os prazos mais longos). A curva de juros futuros indica as taxas que estão sendo negociadas nos contratos de futuros e é uma representação das expectativas dos investidores. 

Expectativa 

Com tudo isso, não será de se espantar se o Copom suspender qualquer corte de juros hoje e adotar uma posição de espera, aguardando uma melhoria do cenário econômico para, só então, avançar no processo de alívio monetário. É possível, e até muito provável, que a Selic seja mantida a 10,5% hoje e permaneça nesse patamar por um bom tempo.

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