Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) (Agência Brasil)
Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária contrariou sua própria indicação realizada na última reunião e reduziu o ritmo de cortes na taxa de juros. Dessa vez, o Copom promoveu um corte de apenas 0,25 ponto percentual na taxa de juros, levando a Selic ao patamar de 10,5% ao ano. E, mais do que isso, no comunicado que acompanhou a decisão, o Copom não projetou nenhum movimento para a próxima reunião, que será realizada em meados de junho.
Processo
Esse foi o sétimo corte consecutivo na taxa básica de juros. O processo de alívio do aperto monetário começou em agosto de 2022, quando a Selic estava em 13,75% ao ano. Na reunião do dia 20 de março, o Copom realizou o último de seis cortes seguidos de 0,5 ponto percentual e projetou um novo corte de mesma magnitude para a reunião dessa semana. No entanto, o Comitê enxergou motivos para reduzir o ritmo - e talvez até parar o processo - de redução dos juros.
A FRASE
“Para ter sucesso, devemos primeiro acreditar que podemos."
Nikos Kazantzakis, escritor grego
Decisão
Foi uma decisão apertada. Dos 9 componentes do Copom, 4 votaram por um corte de 0,5 ponto percentual, mantendo inalterado o ritmo de redução dos juros, enquanto os outros 5 votaram pelo corte menor, decisão que acabou prevalecendo. Gabriel Galípolo, cotado para ser o próximo presidente do Banco Central a partir de 2025, foi um dos que votaram para manter o ritmo de redução. O atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, votou pela diminuição.
Cenário Internacional
No comunicado que acompanhou a decisão, o Copom destaca que as incertezas do cenário econômico externo aumentaram, sem sinalização de quando começarão as reduções de juros nos Estados Unidos. Além disso, observa-se que o mercado de trabalho segue aquecido e que a inflação continua mais elevada do que o normal em diversos países. Essa combinação reduz o efeito dos juros sobre os preços, retardando a queda das taxas.
Cenário Nacional
No Brasil, os indicadores econômicos mostram que o mercado de trabalho e o nível de atividade em geral têm mantido um dinamismo maior do que o esperado, fazendo com que os efeitos dos juros sobre a inflação sejam menores. Embora a inflação esteja sendo reduzida e atualmente já se encontra dentro da faixa de tolerância da meta, algumas medidas de preços mais recentes mostram que a continuidade do processo de desinflação deve ser mais lenta
Inflação
No Brasil, a inflação ao consumidor continua em trajetória de queda, ainda que essa queda eja cada vez mais sutil. O acumulado do IPCA nos últimos doze meses está em 3,93%. Pelas projeções do Copom, o IPCA deve encerrar 2024 aos 3,8% (a última previsão era menor, de 3,5%) e recuar um pouco mais em 2025, fechando o ano aos 3,3%. O mercado projeta inflações parecidas, tanto para 2024 como para 2025.
Fiscal
O lado fiscal foi um dos temas que pesou na decisão do Copom. O Comitê destacou que acompanhou com atenção os recentes desenvolvimentos da política fiscal (ou seja, a mudança das metas fiscais de 2025 e 2026). Uma política fiscal responsável e comprometida com a sustentabilidade da dívida é fundamental para ancorar as expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco.
Projeção
Ao contrário do que aconteceu nas reuniões anteriores, dessa vez não houve nenhuma menção sobre o que esperar da próxima reunião do Copom, que acontece nos dias 18 e 19 de junho. Em seu comunicado, o Copom se limita a dizer que "a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta". Ou seja, só o tempo irá dizer, conforme a evolução do cenário.
Perspectiva
Em outras palavras, se não há nenhuma menção sobre cortes de juros para a próxima reunião, o mais provável é que o processo de redução da taxa Selic seja interrompido, ao menos por algum tempo. A expectativa principal agora passa a ser a de que a taxa básica de juros seja mantida aos 10,50% ao ano durante algum tempo. Provavelmente até o fim do ano.