Fachada da sede do Copom (Divulgação)
Hoje, quando o Comitê de Política Monetária terminar sua segunda reunião do ano, será divulgada a decisão que determina o novo valor da taxa Selic. É praticamente certo que o Copom manterá o mesmo ritmo das últimas cinco reuniões e promoverá novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa de juros, fazendo com que a Selic atinja o valor de 10,75% ao ano, no patamar mais baixo de juros desde março de 2022.
Inflação
A decisão é esperada mesmo após alguns recentes revezes no cenário econômico geral. A inflação medida pelo IPCA veio mais alta do que o esperado, com variação de 0,83% em fevereiro. Essa foi a maior variação mensal do IPCA nos últimos doze meses. Nesse período, o IPCA está acumulando alta de 4,50% ao ano e, somente no primeiro bimestre de 2024, a inflação medida por esse índice já alcançou uma variação de 1,25%.
FRASE
" Não há nada como um sonho para criar um futuro."
Victor Hugo, escritor francês
Inflação 2
Assim, apenas nos dois primeiros meses do ano, a inflação medida pelo IPCA já atingiu quase a metade da meta para o ano todo de 2024. Por outro lado, a tendência ainda continua sendo de desinflação. A expectativa é que o IPCA termine o ano em torno de 3,8%, novamente abaixo do teto da meta. O IGP-M, índice que captura mais as tendências de inflação ao produtor, continua em campo negativo, com variação acumulada de -3,76%.
Serviços
Mesmo estando acima do nível geral do IPCA, a inflação de serviços apresentou recuo no acumulado dos últimos doze meses. Essa é considerada uma notícia positiva, pois o setor de serviços possui grande influência na economia brasileira e, consequentemente, uma grande capacidade de pressionar a demanda agregada e os preços. Com isso, ganha-se espaço para a promoção de novas quedas de juros.
Emprego
O desemprego continua em níveis bastante baixos em comparação com histórico recente brasileiro. Na última medição do IBGE, a taxa de desocupação atingiu 7,4%, que é o mais baixo nível registrado para o desemprego na economia brasileira desde janeiro de 2015. O dado é positivo e demonstra a recuperação do mercado de trabalho, mesmo com a taxa real de juros em um nível elevado.
Cenários
A economia vinha dando sinais de desaceleração, mas o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) mostrou sinais positivos, registrando alta de 0,6% em janeiro na comparação mês a mês. Na comparação com janeiro do ano passado, a alta na atividade econômica é de 3,45%. Por outro lado, o cenário externo continua conturbado com incertezas a respeito do desempenho das economias centrais e da China.
Fiscal
A política fiscal continua gerando preocupações e os recentes episódios de interferência do governo federal na política de distribuição de dividendos da Petrobras e no processo sucessório da presidência da Vale têm aumentado a desconfiança de empresários e investidores. No caso da Petrobras, a decisão de não pagamento dos dividendos extraordinários retirou uma fonte importante de receitas primárias, tornando mais difícil atingir a meta de déficit zero.
Câmbio
Além disso, a desconfiança dos investidores gera desinvestimento e a saída de capitais do Brasil. O câmbio tem refletido esse movimento com o Real perdendo valor frente ao Dólar e ao Euro. Desde o começo do ano, o Euro já subiu quase 2% e o Dólar acumula alta de pouco menos de 4%, voltando a romper a barreira dos R$ 5,00. A desvalorização do Real torna os insumos e produtos importados mais caros, pressionando a inflação.
Decisão
Mesmo com o aumento da incerteza em relação à política econômica e fiscal, com o aumento do câmbio e com os bons resultados do mercado de trabalho - todos fatores que contribuem para manter pressões sobre a inflação - espera-se que o Copom mantenha sua postura atual e continue reduzindo a Selic, levando-a para 10,75% ao ano, dado o comportamento geral da inflação. E a tendência é que o mesmo aconteça na reunião seguinte, que acontece no dia 08 de maio.