XEQUE-MATE ECONOMIA

Reunião do Copom

Esféfano Barioni
24/03/2023 às 14:39.
Atualizado em 24/03/2023 às 14:39

Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Não foi novidade para ninguém. O Copom decidiu manter inalterada o valor da taxa Selic, que segue em 13,75% ao ano. Com a inflação atualmente aos 5,6% ao ano, o Brasil segue com uma taxa real de juros de 7,72% ao ano, uma das mais altas do mundo. É a quinta vez seguida que o Copom decide pela manutenção dos juros no mesmo patamar nominal, mas na prática temos tido aumentos reais da taxa de juros. 

Juros reais

A taxa Selic alcançou o patamar atual de 13,75% na reunião do Copom que ocorreu em 3 de agosto do ano passado. Na ocasião daquela reunião, o IPCA acumulado estava em 11,9% ao ano, o que significava um nível de juros reais de 1,65% ao ano. De agosto passado para cá, embora os juros nominais estejam sendo mantidos, os juros reais aumentaram em mais de 6 pontos percentuais. 

FRASE

"Os participantes do comitê não veem cortes nas taxas este ano. Não são nossas expectativas."

Jerome Powell, presidente do FED, sobre os juros nos Estados Unidos

Juros externos

Nos Estados Unidos houve um aumento nas taxas, exatamente como o previsto, e o juros passaram a 5,0% ao ano. Esse é o nível mais alto dos juros americanos desde o final de 2007, ainda antes da crise das subprime. Com a inflação americana ao consumidor atualmente aos 6,0%, conforme medida pelo CPI, os juros reais nos Estados Unidos estão negativos, por volta de -1,0% ao ano. 

Juros Externos 2 
Assim como no Brasil, nos Estados Unidos existem vários índices de inflação. Embora o CPI seja mais parecido com o IPCA, o banco central dos Estados Unidos utiliza o PCE (Índice de Despesas de Consumo Pessoal) como referência para ajustar sua política monetária. A inflação medida pelo PCE, que é um índice mais amplo, está em 3,7% e, por essa referência, os juros americanos estariam levemente positivos, por volta de 1,3% ao ano. 

Comunicado
No comunicado que acompanhou a decisão do Copom, o tom continua sendo de maior rigor. Embora enfatize que os passos futuros da política monetária possam ser ajustados, a perspectiva não é das melhores. Não só o Copom não se compromete em nenhum momento com a possibilidade de reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões, como em seu comunicado afirma que poderá retomar o ciclo de alta caso a inflação não recue. 

Inflação
Existem dois elementos em relação à inflação que devem ser observados. O primeiro deles é a inflação corrente e segundo são as expectativas de inflação. A inflação corrente é a inflação atual. As expectativas da inflação são as projeções de inflação para o futuro, que têm se deteriorado. Atualmente, as expectativas são de que a inflação não retorne tão cedo para patamares de 3,25% ao ano (centro da meta do Banco Central). 

Inércia
Ao contrário, existe a expectativa de que a inflação volte a acelerar com a reoneração dos combustíveis e acabe terminando o ano por volta de 6%. A falta de ancoragem das expectativas em torno da meta aumenta o componente inercial da inflação. Como as pessoas esperam que os preços irão aumentar, quem pode (seja no comércio, indústria ou serviços) já aumenta os seus preços agora para não ser pego de surpresa. E isso provoca mais inflação. 

Demanda
Muito tem se falado sobre a inflação atual, cujas causas nada teriam a ver com a demanda e que por isso não poderia ser combatida com juros altos. No entanto, oferta e demanda são os dois lados da mesmíssima moeda. O problema está no fato de que quando a causa da inflação são restrições na oferta, os juros altos produzem efeitos colaterais mais fortes. 

Fiscal
O novo arcabouço fiscal ficou para abril e essa definição é muito importante para o cenário econômico. De um lado o governo mantém uma política fiscal expansionista, buscando injetar mais recursos na economia, e de outro o Banco Central mantém os juros altos. É como acelerar o carro e puxar o freio de mão ao mesmo tempo. Nenhuma das duas ações surtirá o efeito desejado e, ainda por cima, pode causar um acidente. 

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