XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Reunião do Copom

Estéfano Barioni
05/08/2022 às 13:03.
Atualizado em 05/08/2022 às 13:03
Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Nesta quarta-feira, o Copom encerrou a sua reunião de número 248 e decidiu promover mais um aumento na taxa básica de juros da economia. Assim como na reunião passada, há cerca de 45 dias, o aumento novamente foi de 0,5 ponto percentual, como já era esperado pelo mercado. Com isso, agora a taxa Selic chega a 13,75% ao ano, seu maior nível desde o começo de janeiro de 2017. 

Alta dos Juros

Este foi o décimo-segundo aumento consecutivo na taxa de juros realizado pelo Copom. No entanto, os dois últimos aumentos foram os de menor magnitude de toda essa série, mostrando que o ciclo de aperto monetário está perto do fim. Mas, no comunicado que acompanhou a decisão, o Copom deixou aberta a possibilidade de realizar um novo aumento na próxima reunião, levando a taxa de juros a 14% ao ano. 

FRASE

"O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas."

Comunicado do Copom de 03/08/22

Cenário Externo

Se, por um lado, o cenário externo apresenta deterioração do ambiente econômico com seguidas revisões para baixo no crescimento mundial, também persistem as pressões inflacionárias globais, principalmente através dos impactos indiretos do custo da energia. A inflação nas economias centrais ainda é a mais alta das últimas décadas, fazendo com que o aperto monetário avance nessas economias. 

Aperto Monetário

O aumento das taxas de juros nas economias centrais traz incertezas em relação ao crescimento econômico mundial, afetando também o crescimento econômico brasileiro. Embora o menor nível de atividade convide a taxas de juros menores, o cenário de aperto monetário mundial aumenta as volatilidades dos ativos, e a necessidade de ancorar as expectativas em torno da inflação é maior, o que justificaria a continuidade da alta dos juros. 

Inflação

A inflação segue persistente, embora a última medição tenha registrado uma queda no acumulado em 12 meses e a expectativa é de retração no IPCA de julho (que será divulgado no dia 9) e de agosto. A projeção da inflação para o final de 2022 já foi reduzida para em torno de 7% ao ano. A convergência para valores abaixo do teto da meta, só aconteceria em 2023, quando a inflação deve recuar para 4,6% ao ano, segundo as projeções do Copom. 

Referência

Essas projeções fazem parte do cenário de referência utilizado pelo Copom, em que a taxa de juros termina o ano a 13,75%, sendo reduzida para 11% em 2023 e, posteriormente, sendo novamente reduzida para 8% em 2024. Ainda no cenário de referência, a taxa de câmbio fica em torno de R$ 5,30/US$ 1,00 e evolui naturalmente conforme a paridade do poder de compra entre os países. 

Riscos

Entre os riscos que podem comprometer o cenário base e forçar um novo aumento da taxa de juros estão avanços mais profundos do aperto monetário nas economias centrais, piora dos cenários de preços internacionais (uma nova alta do preço do petróleo, por exemplo) e os efeitos que o pagamento dos auxílios e outras despesas governamentais extraordinárias causarão na demanda agregada, sustentando a alta dos preços.

Juros Americanos

No caso do aperto monetário nas economias centrais, o foco é a condução da política monetária nos Estados Unidos. Espera-se que, no dia 21 de setembro, o FOMC promova um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa de juros norte-americanos, já reduzindo o ritmo contracionista. Um aumento maior do que esse diminui o diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos e fortalece o Dólar em relação ao Real.

Trajetória

Para a próxima reunião, cuja decisão ocorre no mesmo dia 21 de setembro, o Copom deixa em aberto a possibilidade de realizar um aumento residual na taxa de juros, de menor magnitude. Esse aumento, se ocorrer, levará a taxa de juros a 14,0% ao ano. Até lá, teremos os dados oficiais sobre a inflação dos meses de julho e agosto, além de dados sobre a atividade econômica, e muita coisa pode acontecer. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por