xeque-mate da economia

Reunião do Copom

Estéfano Barioni
05/05/2022 às 21:10.
Atualizado em 06/05/2022 às 08:23
O Copom decidiu promover um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Divulgação)

O Copom decidiu promover um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros da economia (Divulgação)

Como já era esperado e antecipado aqui nesta coluna, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu promover um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros da economia. Com isso, a Selic passa a valer 12,75% ao ano, a maior taxa de juros desde fevereiro de 2017. Esta foi a décima alta de juros consecutiva promovida nas reuniões do Copom.

Juros nos Estados Unidos

No mesmo dia da reunião do Copom, o comitê de política monetária dos Estados Unidos, chamado FOMC, também se reuniu e promoveu um aumento da taxa de juros de referência daquele país. O aumento ali foi de 0,5 ponto percentual e agora a taxa de juros básica nos Estados Unidos oscila entre 0,75% e 1,00% ao ano. Diferente do que ocorre no Brasil, a meta de juros da economia nos Estados Unidos não é um valor fixo, mas uma faixa estreita de valores. 

FRASE

"Estamos no caminho certo para mover rapidamente nossa taxa de referência para níveis mais normais."
Jerome Powell, presidente do FED

Previsibilidade

Tanto nos Estados Unidos como no Brasil, os aumentos dos juros vieram exatamente em linha com o que havia sido antecipado nesta coluna. Mas qualquer pessoa bem informada sobre o assunto já imaginava a magnitude dos aumentos, não há nenhuma genialidade nisso. Trata-se de previsibilidade. Os bancos centrais precisam agir com previsibilidade para garantir transparência nas suas decisões e evitar tempestades nos mercados. 

Cenário Externo

A deterioração do cenário econômico internacional segue adicionando mais riscos à condução da política monetária. Entre os principais riscos para o Brasil estão o aumento das taxas de juros nas economias centrais, os novos surtos de Covid-19 e fechamentos na China, e a continuidade da guerra na Ucrânia. 

Cenário Externo 2

Todos esses fatores tem o potencial de desacelerar o ritmo do crescimento econômico mundial, com reflexos negativos para a economia do Brasil. Com menos atividade econômica na China, juros mais altos nos Estados Unidos e sanções econômicas mais extensas contra a Rússia, pressionando o preço da energia, a demanda por commodities deve cair impactando as exportações brasileiras.

Inflação

A inflação ao consumidor final continua elevada tanto nos componentes mais voláteis (energia e alimentos) como nos itens que formam o núcleo da inflação. O IPCA acumulado em 12 meses medido até o mês de março está em 11,3%. O índice de abril será divulgado apenas no dia 11, mas provavelmente levará a inflação para perto de 12% ao ano, o maior nível desde 2003.

Projeção de Inflação

O objetivo do Copom é trazer a inflação de 2023 para dentro da meta, abaixo de 4,75%. A inflação deste ano certamente ficará acima da meta, como aconteceu no ano passado, pois os efeitos da política monetária na queda dos preços demoram alguns meses para aparecer. As previsões são de que 2022 encerre com uma inflação um pouco abaixo de 8% e que em 2023 a inflação termine o ano a 4,1%. 

Juros Americanos

O aumento dos juros nos Estados Unidos, dentro do esperado pelos analistas, animou os investidores. Temia-se que, para enfrentar a maior inflação dos últimos 40 anos, o FOMC acabasse tomando medidas mais duras de ajuste monetário. O presidente do FED trouxe alívio ao afirmar que os próximos aumentos devem seguir o mesmo ritmo atual. 

Menor Pressão

A posição mais moderada do FED provocou forte valorização nas bolsas de valores americanas. Aqui no Brasil, o posicionamento traz menor pressão sobre a taxa de câmbio. Caso a remuneração da renda fixa norte-americana acelerasse mais, atrairia mais investidores e fluxos de capitais, desvalorizando as moedas dos países emergentes. 

Perspectivas

A próxima reunião do Copom será realizada nos dias 14 e 15 de junho, e o comunicado do COPOM já coloca como provável um novo aumento na taxa de juros, mas de menor intensidade, o que potencialmente irá elevar a taxa de juros para 13,25% ao ano. Se as condições econômicas não piorarem, poderá ser o encerramento do ciclo de alta nos juros.
 

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