editorial

Resiliência e confiança no futuro do país

Do Correio Popular
24/05/2022 às 21:18.
Atualizado em 25/05/2022 às 08:20
Os agentes econômicos locais estão esperançosos na retomada da economia (Kamá Ribeiro)

Os agentes econômicos locais estão esperançosos na retomada da economia (Kamá Ribeiro)

A mais recente sondagem industrial realizada pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) Campinas - com 494 empresas associadas em 19 municípios da região - considera satisfatória a situação econômica atual, apesar da queda de produtividade e faturamento das empresas, constatada nesse levantamento elaborado pela entidade. Marcado por assistir a jogos de futebol no Maracanã, portanto o seu indefectível radinho de pilha, enquanto o país atravessava o período mais complicado do regime militar, o popular presidente Emílio Garrastazu Médici, quando indagado sobre o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) durante o seu governo - o chamado milagre econômico - dizia: "A economia vai bem, mas o povo vai mal". Acaso estivesse vivo, o que diria o general a respeito da crise que o Brasil atravessa hoje, com desemprego, inflação e um clima de desesperança que se mantém no horizonte, sem, por ora, haver perspectivas de reversão a curto ou médio prazo?

De todo modo, o carimbo de otimismo aposto sobre a sondagem mensal do Ciesp - que constatou um aumento de 16 pontos percentuais no número de empresários que reduziram a produção este mês em relação ao período anterior - evidencia que os agentes econômicos locais estão esperançosos na retomada da economia, mesmo faturando menos em maio, quando 55% das empresas sofreram um esvaziamento da coluna de receita de seus balanços mensais, sendo que, em abril, esse percentual era bem menor: 35%. A perspectiva de otimismo chancelada pela entidade que representa o segmento corporativo é uma demonstração clara e inequívoca da inquebrantável capacidade do empresário brasileiro de superar as adversidades. Para o Ciesp, a crise foi agravada por eventos alheios ao cenário interno, como o conflito bélico no Leste europeu, a inflação pós-pandêmica e o mais recente lockdown chinês. Além disso, acrescente-se os gatilhos deflagrados no terreno doméstico, como a política de elevação sistemática de preços dos combustíveis e aumento da taxa básica de juros.

Essa aparente assimetria na análise econômica dos números levantados pela entidade representativa da classe empresarial poderia enviesar a interpretação dos números sobre a realidade em curso na economia regional e do país? A resposta parece ser negativa, dado que, embora os indicadores sinalizem um quadro preocupante, por outro lado, há elementos na sondagem industrial que sustentam um horizonte menos tóxico e mais produtivo.

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