EDITORIAL

Reflexão sobre uma vida feliz em sociedade

Do Correio Popular
21/08/2022 às 11:10.
Atualizado em 21/08/2022 às 11:10
Para Aristóteles, quanto mais leis, menos virtudes há numa sociedade. No entanto, elas servem para refrear a corrupção (Divulgação)

Para Aristóteles, quanto mais leis, menos virtudes há numa sociedade. No entanto, elas servem para refrear a corrupção (Divulgação)

Em seu livro "A Política", Aristóteles não trata de partidos ou briga de poder, mas da sociedade como um lugar de felicidade. Para ele, toda a sociedade tem a sua origem nas famílias, especificamente em uma que possui alguma excelência, na qual as demais se orientam e a admiram para formar vilas e cidades. Sendo assim, a origem de qualquer polis, para Aristóteles, está na virtude e a finalidade de qualquer cidade é proporcionar ao cidadão a possibilidade de alcançar a felicidade máxima através da busca da excelência. Portanto, uma cidade não existe para fins militares ou econômicos, mas para viver o bem comum. Todos devem ser bons cidadãos. Aristóteles pensa a cidade numa conexão ampla da parte com o todo e do todo com a parte, diferente da sociedade atual, fragmentada e individualizada.

Para ele, o ser humano é um animal político, ou seja, para que se torne plenamente humano, ele precisa da sociedade. E é na sociedade que ele pode se realizar como pessoa. Há um vínculo estreito com o indivíduo. Em outro sentido, para que exista uma boa sociedade é necessário que existam pessoas virtuosas. Na visão de Aristóteles, a ideia é simples: quem lidera e quem é liderado devem possuir a virtude em alto grau.

Um estado onde a felicidade se concentra na riqueza, somente os ricos podem ser felizes. Por outro lado, um estado onde a felicidade é expressa na virtude, são felizes os que têm a vida honrada. Para Aristóteles, está muito claro que não existe estado feliz por si mesmo se não se constitui sobre as bases da honestidade. Para o filósofo, a lei pode ser vista como uma ajuda para praticar atos de virtude, mas, por outro lado, ela proíbe certos vícios. Ela tem como finalidade educar para o bem comum. Para Aristóteles, quanto mais leis, menos virtudes há numa sociedade. No entanto, elas servem para refrear a corrupção dos cidadãos ou tentar educá-los.

Há cerca de 30 anos, não existiam leis de assentos preferenciais no transporte público. Elas não eram necessárias, pois, normalmente, as pessoas cediam lugares aos necessitados. Porém, a medida em que isso foi deixado de lado, foi preciso uma lei para explicar o óbvio, que devemos evitar o egoísmo para colocar o bem comum em primeiro lugar. O bem comum é aquele princípio que diz que a sociedade deve ser o lugar em que todos podem alcançar a sua máxima perfeição e felicidade. Para isso, precisamos nos colocar à disposição dos outros, deixando de lado o nosso bem particular e se doando para uma sociedade melhor.

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