Projeções (Divulgação)
Em 2022 tivemos um ano marcado por muita volatilidade e incerteza na economia, tanto no cenário brasileiro como no internacional. Logo em fevereiro, a Rússia invadiu partes da Ucrânia dando início a um conflito direto que afetou os preços internacionais do petróleo, do gás natural, do trigo e também dos fertilizantes, diminuindo a oferta mundial desses produtos e jogando os preços nas alturas. Os fluxos financeiros mundiais também foram afetados com o conflito.
Inflação
No ano passado, o processo de reabertura das economias ocidentais se consolidou. No entanto, tendo sido sustentado por muitos estímulos fiscais e monetários, sem que o lado da oferta se reorganizasse, o processo resultou em elevação dos preços. Nos Estados Unidos e na Europa, a inflação atingiu os níveis mais altos dos últimos 40 anos. No Brasil o processo inflacionário também teve força e aqui a inflação atingiu o pico em abril do ano passado.
FRASE
"A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar tudo ao presente."
Albert Camus, escritor francês
Juros
A alta dos preços motivou os bancos centrais do ocidente a aumentar suas taxas de juros. No Brasil, o aperto monetário se iniciou ainda em 2021 e no ano passado os juros atingiram 13,75% ao ano, sendo mantidos estáveis nas últimas decisões do Copom. Neste ano, os juros devem ser mantidos nesse mesmo patamar durante todo o primeiro semestre e só a partir do meio do ano podemos ter alguma redução.
Juros 2
Nos Estados Unidos, a taxa de juros foi elevada de 0,5% aos atuais 4,5% ao ano. A inflação norte-americana também começou a recuar, mas é quase certo que os juros no país continuarão a ser elevados, pois o mercado de trabalho continua bastante aquecido, sustentando a demanda. A expectativa é que os juros nos Estados Unidos cheguem pelo menos a 5,5% ao ano, um valor bastante alto para os padrões da economia norte-americana, sem previsões de queda neste ano.
Pouso da Águia
O aperto monetário fará com que as economias cresçam menos em 2023. No entanto, embora ainda exista a possibilidade de que a economia dos Estados Unidos atravesse uma recessão, a hipótese de um "pouso suave" ganhou mais força. A expectativa geral é de que a economia norte-americana tenha um crescimento de 0,5% neste ano. É um crescimento baixo, mas ainda assim é crescimento.
Europa
Já a Europa deve mesmo ver a sua economia estagnar em 2023. O continente está mais exposto aos choques de oferta causados pela guerra na Ucrânia, que pressionam os preços. Mesmo tendo sido beneficiada por um inverno brando, que diminuiu a demanda por gás natural e fez os preços dessa commodity caírem ao mais baixo nível dos últimos 12 meses, a Europa deve ter uma leve retração de 0,1% este ano.
Brasil
No Brasil, o cenário econômico do ano passado foi dominado por incertezas que foram desde as influências externas provocadas pelo cenário internacional, dúvidas sobre a efetividade do processo de elevação dos juros sobre o controle da inflação, até incertezas sobre a política fiscal do governo e o próprio processo eleitoral.
Caminhos
No entanto, bem ou mal, conseguimos superar grande parte dessas incertezas. Apesar da turbulência atual, o processo eleitoral foi definido e temos um novo governo. Encontrou-se uma saída para a questão fiscal, que embora não tenha sido a ideal, também não foi a pior que chegou a ser cogitada. A inflação tem recuado, mas poderá apresentar elevação nos próximos meses, voltando a cair um pouco mais no fim do ano, e ficando abaixo de 5% (atualmente está em 5,79%).
Caminhos 2
O desemprego foi reduzido e deve se manter nos níveis atuais. Apesar disso, o crescimento econômico desse ano deve ser baixo, ficando abaixo de 1% (melhor que Estados Unidos e Europa, mas abaixo da média mundial). Tudo dependerá de como as questões internas serão encaminhadas pelo novo governo e do impulso que a China, o nosso maior parceiro comercial, dará. Se a demanda chinesa for elevada, melhor para o Brasil.