PIB (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)
Os números oficiais do PIB brasileiro em 2023 serão divulgados pelo IBGE nas próximas semanas e tudo indica que o produto interno bruto registrou um crescimento de 3,0% no ano passado. Não é nenhum ritmo chinês de crescimento, mas o valor está acima do crescimento registrado no ano retrasado (em 2022, o PIB cresceu 2,9%) e muito acima da média de crescimento dos 10 anos anteriores, que foi de míseros 0,52% ao ano.
Expansão
A notícia é positiva, mas não se trata exatamente de uma novidade. Desde o final do terceiro trimestre que já se desenhava esse nível de crescimento e a expansão da atividade no quarto trimestre deve ter sido próxima de zero. O resultado do ano foi garantido no primeiro semestre, com grande contribuição do setor agropecuário, responsável por cerca de 30% do crescimento total, principalmente devido ao desempenho da soja na região Centro-Sul.
FRASE
"O crescimento sustentável é o único modelo de crescimento que fará sentido no futuro".
Paul Polman, empresário holandês
Distribuição
Mais importante do que o valor final do crescimento do PIB, são as nuances reveladas pela análise dos dados projetados. O crescimento esperado, embora acima da média, mostra uma forte concentração setorial e regional. Isso sinaliza que o avanço econômico não foi distribuído de maneira uniforme pelo país, podendo comprometer a sustentabilidade do crescimento.
Componentes
Além disso, a análise desagregada dos componentes da demanda aponta que, apesar do aumento esperado no consumo das famílias e nas exportações, a formação bruta de capital fixo (FBCF) apresentará queda, levantando dúvidas sobre a sustentabilidade desse crescimento a longo prazo. A formação bruta de capital fixo representa o total de investimentos em bens de capital (ativos fixos) que uma economia realiza para aumentar sua capacidade produtiva.
Taxa de Investimento
A taxa de investimento apresentará queda em 2023, devendo ficar em torno de 18%, o que é abaixo da média histórica desde 2000. Esse é um sinal de alerta para a economia brasileira. Investimentos são fundamentais para aumentar a capacidade, impulsionar a produtividade, a inovação e, consequentemente, criar um crescimento econômico sustentável. A redução da FBCF indica que ainda há um longo caminho para fortalecer a base produtiva do país.
Importância
O resultado do PIB de 2023 certamente, e com toda a razão, será comemorado como uma conquista econômica para o nosso país. O PIB, sem dúvida, é um indicador fundamental, refletindo a saúde econômica do país, e influenciando decisões de política econômica e de investimentos. Contudo, é preciso reconhecer as limitações do PIB como medida única de crescimento econômico.
Limitações
Primeiramente, o PIB trata de valores agregados, não considerando a distribuição de renda entre a população, o que pode ocultar disparidades econômicas significativas. Além disso, o PIB não leva em conta a sustentabilidade das atividades econômicas, nem a qualidade de vida dos cidadãos. Portanto, um PIB crescente pode não se traduzir necessariamente em desenvolvimento socioeconômico.
Crescimento
Obviamente, o crescimento econômico é priorizado em relação a outras dimensões do desenvolvimento, como saúde, educação e infraestrutura, pois sem crescimento econômico não há como fazer melhorias. É ele que fornece os recursos necessários para investir em tecnologias limpas, políticas sociais inclusivas e serviços públicos essenciais, criando uma base para o desenvolvimento sustentável e a elevação do padrão de vida da população.
Prosperidade
Mesmo assim, embora o crescimento do PIB em 2023 seja uma boa notícia, é preciso buscar um modelo de crescimento que seja não apenas quantitativamente positivo, mas qualitativamente significativo. Isso significa investir em educação, tecnologia, infraestrutura, aumentando a produtividade do país. Somente assim, poderemos garantir um crescimento que se sustente e se reverta em prosperidade.