xeque-mate economia / por estéfano barioni

Preço do Petróleo

Estéfano Barioni
09/07/2022 às 20:03.
Atualizado em 10/07/2022 às 10:25
O preço do petróleo tem sido provavelmente o maior vilão da inflação mundial (Freeimages)

O preço do petróleo tem sido provavelmente o maior vilão da inflação mundial (Freeimages)

O preço do petróleo tem sido provavelmente o maior vilão da inflação mundial. Depois de começar o ano com o preço do barril cotado a US$ 78,90, a ofertam mundial foi reduzida com a invasão da Ucrânia pela Rússia e as sanções econômicas que se seguiram, e já no começo de março o barril de petróleo estava cotado a US$ 129,10, em uma alta de 64% em pouco mais de dois meses.

Dependência

A economia mundial é altamente dependente do petróleo, cujos derivados são responsáveis por abastecer quase toda a demanda do setor de transportes, chegando a 100% no caso do transporte aéreo e marítimo. Devido a sua importância estratégica, o petróleo contaminou o preço da maioria dos produtos e serviços.

FRASE

"O uso da energia solar não é incentivado apenas porque as companhias de petróleo não são donas do Sol."
Ralph Nader, advogado norte-americano

Equilíbrio

Atualmente, o preço do barril de petróleo está por volta de US$ 105,00, estando de um lado pressionado por contínuas restrições de oferta, que não permitem que o preço caia. Por outro lado, as expectativas de um baixo crescimento econômico mundial e, consequentemente, baixa demanda por petróleo têm impedido que o preço continue subindo. 

Concentração

Além da grande dependência que a economia mundial tem do petróleo, a questão é delicada devido à concentração da produção em poucos países. A má distribuição da oferta de petróleo permite a criação de carteis, como a OPEP, que controlam os níveis de produção e, assim, manipulam os preços do petróleo. Reduzindo a oferta e tornando o petróleo mais escasso, esses países conseguem fazer os preços subirem. Quando é interessante, aumentam a oferta, fazendo os preços caírem.

Concentração 2

No ano passado, 51% da produção mundial de petróleo foi realizada por apenas 5 países, com a Rússia sendo o segundo maior produtor mundial. Em 2021, a Rússia foi responsável por 13,1% da produção mundial de petróleo, ficando pouco atrás dos Estados Unidos (14,5% da produção mundial) e pouco a frente da Arábia Saudita (com 12,1% da produção mundial).

Oferta Mundial

Se a produção já é concentrada, a oferta no mercado internacional é ainda mais, pois apesar dos Estados Unidos serem o maior produtor mundial de petróleo, são também o maior consumidor, responsáveis por 20% do consumo mundial. Assim, são também grandes importadores de petróleo. Os países exportadores de petróleo são poucos e organizados. 

Primeiro Choque

No passado, a organização dos países exportadores permitiu a realização dos famosos choques do petróleo. Em meados de 1973, o barril do petróleo estava cotado a US$ 3,56 (equivalentes a US$ 23,44 em valores atuais). No final daquele ano, a OPEP promoveu um aumento brusco de 184%, elevando os preços para US$ 10,11 (equivalentes a US$ 66,56 em valores atuais).

Segundo Choque

O segundo choque aconteceu em 1979. No começo daquele ano o barril do petróleo estava cotado a US$ 14,85 (equivalentes a US$ 60 em valores atuais), passando a US$ 39,50 no ano seguinte, com aumento de 166%. O valor do barril de petróleo no começo de 1980 era equivalente a US$ 140,12 em valores atuais, ou seja, cerca de 40% a mais do valor de hoje.

Choque Reverso

Também aconteceram choques reversos, em que o cartel exportador decidiu aumentar a produção para baratear os preços e, dessa forma, inibir investimentos em fontes alternativas de energia. Essa forma de sabotagem foi realizada em 1985. Mais recentemente, em 2014, uma super oferta de petróleo mundial derrubou os preços buscando enfraquecer a indústria do shale gas nos Estados Unidos.

Velocidade

Atualizando os valores históricos do barril do petróleo, percebe-se que em vários momentos os preços estiveram acima do nível atual de US$ 105/barril. Mas isso não quer dizer que não deveria haver problemas. O estresse no mercado deve-se muito mais à velocidade com que os preços sobem do que o nível de preços propriamente dito. E o aumento deste ano foi um dos mais rápidos da história.
 

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