O que antes era inalcançável, hoje se tornou corriqueiro. Fala-se muito em viver o presente, mas esquecemos o valor das lições do passado (Divulgação)
Vivemos a era das incertezas. Ansiedade e depressão contaminam o espírito da maioria das pessoas. Após um longo e exaustivo dia, tem-se a impressão de que todo o esforço empregado fora inútil. Acaso o que poderia explicar essa sensação? Pode-se discordar disso percebendo algum avanço aqui ou acolá, mas, em geral, quanto mais alto se aprende a pular, maiores são os obstáculos. Desnecessário repetir o velho chavão de que a vida é feita de altos e baixos. Já ouvimos isso antes. Há que se questionar se a vida não seria, na verdade, feita de baixos e mais baixos ainda. As expectativas criadas servem para alimentar desesperança e medo.
Haveria alguma forma de pensar mais otimista ou menos pessimista, sem perder a noção da realidade? Alguns doutores do pensamento acreditam que sim. A resposta estaria no fato de que tendemos a ignorar as metas já alcançadas. Quando solucionamos um problema, ele deixa de ser um. O cérebro não consegue entender a magnitude de uma adversidade superada. É como se olhássemos pelo espelho um objeto em deslocamento. A medida em que dele nos distanciamos, mais ele parece pequeno, até sumir.
Daí surgem novos obstáculos e, à medida que se aproximam, tornam-se maiores. Concentramos toda a nossa energia neles. Isso parece lógico, mas, vejamos o que diz o filósofo Ralph Waldo Emerson, um abolicionista do século XIX. Ele escreveu: "A vida é uma sucessão de lições, que devem ser vividas para que sejam compreendidas". Em outras palavras, os obstáculos devem ser superados. Entretanto, é preciso reconhecer as pequenas conquistas, por menores que elas sejam.
O que antes parecia inalcançável, hoje se tornou corriqueiro, incorporado ao cotidiano das pessoas. Fala-se muito em viver o presente, mas esquecemos o valor das lições do passado. Como bem colocou Sócrates: "Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida". Então, voltando à questão central deste artigo, é preciso examinar nossas vidas. Ao fazermos isso, percebemos que a sensação de imutabilidade das coisas é falsa. Simplesmente porque não paramos para analisar todas as coisas que já melhoraram. É impossível não nos enxergarmos nas palavras do filósofo japonês Haruki Murakami.
"Quando a tempestade passar, você não vai se lembrar de como resistiu, de como conseguiu sobreviver. Você nem terá certeza se a tempestade realmente acabou. Mas uma coisa é certa. Quando você sair da tempestade, não será a mesma pessoa que entrou. É disso que se trata a tempestade".
