Luiz Roberto Teixeira Di Lascio é Vigário Paroquial na Basílica Nossa Senhora do Carmo - Arquidiocese de Campinas (DIVULGAÇÃO)
Surpreendente: eis uma verdade que nos cala e nos move em direção ao óbvio. Qualquer semelhança com uma situação análoga é mera coincidência. Uma parábola torna compreensível certa verdade que se esconde por de trás das máscaras do sarcasmo, das fraudes e mentiras. Assim, os produtos são garantidos quanto à sua qualidade e eficácia, através do rótulo indicativo de seu prazo de validade. Uma vez vencido esse prazo, o produto é desqualificado e, por se tornar uma ameaça à vida e à saúde dos consumidores, deve ser retirado de circulação e incinerado. Transportemos agora essa abordagem para o mundo político. Estamos em época de eleições, que estão aí, nesse próximo mês de novembro. É desanimador observar e constatar o pouco caso com que a maioria dos eleitores encara esse nobre exercício de cidadania: o direito de votar. Uma pergunta que está na mente dos eleitores brasileiros é: como avaliar um candidato sabendo se ele é bom, digno de ser eleito, ou não? Na proliferação das fakenews e sob o crescente domínio do monopólio das redes midiáticas por certos grupos de comunicação... Profissionais treinados e muito bem remunerados, cujo mister é distorcer fatos e espalhar notícias falsas, criando um clima de intrigas. Capazes de rastrear minuciosamente nas malhas da informação a privacidade dos candidatos concorrentes, buscando assim eliminá-los, tal como se procede naquela aberração ideológica e pervertida do Big Brother. Que tal colocar em prática a averiguação do Prazo de Validade para os políticos? Isso é simples e fácil de se fazer. Tendo em vista a análise e conclusão de que o tempo ideal máximo de um politico no exercício de seu mandato deveria ser de oito anos, pergunta-se: será que tal ou qual candidato que se apresenta nestas eleições já adquiriu uma cadeira parlamentar cativa? Há quanto tempo ele se mantém no cargo? Seu mandato já vem se estendendo há quantos anos; 10, 15, 20 ou 30 anos? Vem se tornando já um fator que atravanca e impede que forças novas deem sua contribuição, um eficaz serviço à sua cidade, seu estado, seu país? Um politico com prazo de validade vencida é uma bactéria maléfica e mortal que atua no tecido social e nas estruturas da sociedade, favorecendo e legitimando a corrupção, o legado do apadrinhamento, o trafico de influência, a riqueza ilícita, a legitimação do trafico de armas, de drogas, da prostituição, do retalhamento e negociações das riquezas naturais, do analfabetismo, da manutenção da indústria da miséria e do aumento do abismo que se abre entre a vergonha pecaminosa dos poderosos e a imensa legião dos empobrecidos. É um vírus cancerino que, proliferando, vai corroendo as pessoas e os cidadãos através dos vícios lícitos e ilícitos, e que toma conta das consciências inoculando nelas o delírio dos sonhos perdidos, cujo destino é o suicídio coletivo, irreversível. . Os marqueteiros a serviço da cultura do ilícito agem como aves de rapina, na calada da noite. Alteram os produtos vencidos, o seu prazo de validade, com a substituição da embalagem. Dão um novo nome ao produto repaginado, enganando assim o consumidor. Com a ganancia do lucro e imbuídos da filosofia popular do “nada a perder”, estão pouco ligando para os efeitos colaterais dessa barganha diabólica. Quantas enfermidades o povo adquire ao consumir produtos vencidos! Isso ocorre com os políticos que. fazem de tudo para permanecer em seus tronos. Trocam de partido, mudam o discurso e a cor da gravata, repaginam seus visuais, contratam personal stile, (fazem transplante de cabelo), colocam botoques, adquirem corpos sarados, implantes dentários, foto shop, corrigem cacoetes... Aparecem nas redes sociais sempre sorrindo, e com um ar de quem se satisfaz com a desgraça do povo. Durante quatro anos esses políticos traidores da Pátria Amada, hibernam nos seus escritórios de fachada, e, justo na época das eleições eles ressurgem, sustentados pelos assessores e os empreendedores da campanha, que passa a ser um movimento para impedir e bloquear a entrada de candidatos novatos, sangue novo, nova safra que vem para somar e contribuir com vistas ao Bem desta nação. Cabe ao político assumir com consciência a Verdade de seu Código de Ética, e levar a sério o juramento que proferiu no dia da sua posse. Que ele se lembre e aceite que também políticos têm prazo de validade. É o momento de se fazer constar nos regulamentos do PROCON, uma cláusula que contemple sobre a fiscalização dos políticos, com a lista de seus nomes. Isso daria ao eleitor mais segurança, e à política brasileira, maior credibilidade. Estamos nessa luta! É Davi contra Golias! Mas, Davi tinha as pedras no seu alforje, e o povo... o voto em suas mãos. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio é Vigário Paroquial na Basílica Nossa Senhora do Carmo - Arquidiocese de Campinas [email protected]