XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Política Econômica

Estéfano Barioni
04/08/2022 às 11:45.
Atualizado em 04/08/2022 às 11:45
Fachada da sede do Copom (Divulgação)

Fachada da sede do Copom (Divulgação)

No contexto de mais uma reunião do Copom, cuja decisão acaba de ser divulgada e pode ter concluído o atual ciclo de alta da taxa de juros, é oportuno abordar uma discussão frequente no âmbito econômico. Essa discussão refere-se ao papel do governo na política econômica e sobre como os formuladores de políticas governamentais devem responder ao ciclo de negócios. 

Ciclo de Negócios

Ciclos de negócios é o nome que se dá às flutuações da economia em termos de produção e do nível de emprego. Os países atravessam diferentes períodos de crescimento e de contração econômica. Existem momentos em que as condições econômicas favorecem o aumento da produção e a geração de empregos. Em momentos posteriores, o ambiente se deteriora e a produção pode contrair e o desemprego aumentar. Cada um desses períodos é um ciclo de negócios. 

FRASE

" O papel do banco central é levar a bebida embora assim que a festa começa."

William Martin, ex-presidente do FED

Ciclo de Negócios 2

A teoria dos ciclos de negócios foi elaborada para considerar a inércia do sistema econômico no curto prazo e o fato de que determinadas circunstâncias, decisões e condições externas produzem efeitos sobre a economia que podem durar meses ou até mesmo anos até desaparecer, dando espaço para o início de um novo ciclo, causado por novas circunstâncias e condições. 

Início e Fim

Não é simples e nem mesmo universal a definição exata do fim de um ciclo de negócios e início do ciclo sucessivo. Também não há uma duração fixa, do tipo sete anos de "vacas magras" seguidos por sete anos de "vacas gordas". Ciclos de crescimento e de recessão se sucedem de maneira irregular. No entanto, existem algumas regras arbitrárias para ajudar a definir esses ciclos. 

Recessão

Por exemplo, considera-se que um país entra em recessão técnica quando registra dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB, na comparação trimestre por trimestre. Os Estados Unidos estão em recessão técnica pois tiveram retrações do PIB no primeiro e no segundo trimestre deste ano. Por outro lado, ainda estão com baixas taxas de desemprego e a renda do trabalho subiu muito nos últimos anos. Por isso se diz que é uma recessão técnica (baseada apenas no PIB). 

Estabilização

Apesar de irregulares, os ciclos de expansão e retração não acontecem a esmo. E as sociedades modernas, através de seus governos, tentam controlar o ciclo de negócios com políticas econômicas apropriadas, de modo a potencializar os ciclos de expansão e minimizar os ciclos de retração. A condução da política econômica pode ajudar a estabilizar a economia, mas também pode agravar ainda mais o problema da instabilidade econômica, se for mal realizada.

Choques

Alguns economistas enxergam a economia como sendo inerentemente instável, sujeita a seguidos choques na demanda e na oferta agregada, como por exemplo a pandemia ou a guerra na Ucrânia. Esses sucessivos choques provocam flutuações desnecessárias que causam ineficiências na produção, na taxa de emprego e na inflação. Assim, os governos deveriam adotar políticas monetárias e fiscais para contrabalançar esses choques. 

Políticas Anticíclicas

Sob essa perspectiva, a condução da política econômica deve ser feita de modo a estimular a atividade produtiva quando a economia estiver em retração e, do outro lado, desacelerar a atividade quando houver sinais de superaquecimento. É nesse entendimento que as políticas econômicas são definidas como anticíclicas, pois devem ir contra os ciclos econômicos, buscando expandir nas recessões e puxando o freio quando o crescimento estiver muito acelerado. 

Dilema

Esse é o entendimento prevalente na condução da política monetária do Banco Central. Porém, existem outros economistas que entendem que a economia apresenta ciclos, mas que naturalmente tende à estabilidade. Para estes, é inútil tentar ajustar os ciclos de negócios e o governo deveria ficar satisfeito em não causar maiores problemas. Fica o dilema: na dúvida, deve-se pecar por ação ou por omissão? 

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