XEQUE-MATE DA ECONOMIA

PIB 2023

Estéfano Barioni
06/03/2024 às 09:16.
Atualizado em 06/03/2024 às 09:16
PIB ( Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

PIB ( Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Conforme divulgado pelo IBGE na semana passada, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encerrou o ano de 2023 com crescimento de 2,9% em comparação com o ano anterior, alcançando R$ 10,9 trilhões. Este avanço, embora represente uma melhoria significativa em relação à média de crescimento dos últimos dez anos (modestos 0,52% ao ano), oculta alguns aspectos importantes que merecem uma análise mais detalhada. 

Agropecuária

A agropecuária liderou o crescimento, impulsionada pelas safras de soja e milho, obtendo um salto de 15,1% que não apenas elevou o nível de atividade do setor, mas também teve efeitos positivos sobre a indústria e o setor de serviços relacionados. No entanto, este impulso inicial não se manteve ao longo do ano. O setor agropecuário apresentou variações negativas nos últimos dois trimestres de 2023 e o resultado foi uma estagnação no crescimento do PIB nesse período. 

FRASE

"As duas atividades (agropecuária e indústria extrativa mineral) em conjunto foram responsáveis mais ou menos por metade do crescimento do ano passado."

Rebeca Palis, coordenadora de contas do IBGE

Desaceleração
A estagnação dos dois últimos trimestres sinaliza uma desaceleração alarmante que pode ter implicações de longo prazo para a economia brasileira, especialmente no que tange à Formação Bruta de Capital Fixo. A FBCF, que é um indicador da quantidade de recursos investidos em infraestrutura e capital produtivo, apresentou recuo de 3% em 2023, destacando uma tendência que pode limitar o crescimento econômico futuro do Brasil.

Investimento
O investimento é fundamental para a expansão da capacidade produtiva e para sustentar o crescimento econômico no longo prazo. A queda nos investimentos, especialmente em máquinas e equipamentos, que diminuíram 9,4% no ano passado, é um sinal de que algumas empresas estão hesitantes em expandir ou modernizar suas operações, possivelmente devido ao temor de um ambiente de negócios menos favorável. 

Investimento 2
A desaceleração nos investimentos é particularmente preocupante quando consideramos que a economia já não cresceu nos dois últimos trimestres de 2023, mesmo com a queda da inflação e aumento da renda real das pessoas. O início do ciclo de queda na taxa de juros foi insuficiente para recuperar a taxa de investimento, que caiu de 17,8% em 2022 para 16,5% em 2023. Esse pode ser um obstáculo significativo para o desenvolvimento econômico do Brasil no futuro.

Debilidade
Adesaceleração, após um início de ano promissor, destaca a vulnerabilidade da economia brasileira a choques e a necessidade de uma base mais diversificada e resiliente para o crescimento. Embora o setor de serviços tenha apresentado crescimento de 2,4% em 2023, e as exportações tenham aumentado 9,1%, a economia como um todo não conseguiu manter o ímpeto do início do ano.

Debilidade 2
O crescimento de 0% do PIB verificado no último trimestre, em comparação com o trimestre anterior, e a queda expressiva na agropecuária (-5,3%) ilustram a natureza volátil e sazonal do crescimento econômico no Brasil. A forte dependência do setor agrícola e a exposição aos ciclos de commodities são debilidades claras de nossa economia. 

Cenário
O cenário para 2024, portanto, é misto. Por um lado, o crescimento de 2,9% em 2023 é uma boa notícia, sugerindo que a economia brasileira tem fundamentos sólidos sobre os quais pode construir um caminho de desenvolvimento. Por outro lado, a estagnação no crescimento nos últimos trimestres e a queda nos investimentos são claros sinais de alerta que não devem ser ignorados.

Caminho
Para sustentar e acelerar o crescimento econômico, o Brasil precisa de políticas que estimulem o investimento em infraestrutura e inovação. Isso inclui medidas para melhorar o ambiente de negócios, aumentar a confiança dos investidores e promover a diversificação econômica. Além disso, investimentos em educação e formação são essenciais para garantir que a força de trabalho esteja preparada para a economia do futuro. 

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