PIB

Na semana passada, o IBGE divulgou o crescimento do PIB do primeiro trimestre de 2024 e o resultado foi acima das projeções. O PIB brasileiro cresceu 0,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior (último trimestre de 2023), já com o ajuste sazonal para permitir a comparação período a período. Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, o PIB brasileiro registra um crescimento de 2,5%.

Crescimento

Apesar de uma taxa de crescimento de 0,8% no trimestre não ser o bastante para darmos uma grande festa, o resultado é positivo, especialmente considerando que nos dois trimestres anteriores a economia brasileira esteve praticamente estagnada, com variações de 0,1% e -0,1%. Só por conta da reversão dessa tendência, o resultado já é importante. Nos últimos três anos, a taxa média de crescimento trimestral ficou pouco abaixo de 0,6%.

a frase

“Como o consumo das famílias cresceu bem acima do PIB, consequentemente a poupança diminuiu".
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE

Serviços 

A grande contribuição para o crescimento do PIB no primeiro trimestre veio do setor de Serviços, que teve variação positiva de 1,4%, puxada especialmente pela expansão do Comércio, com alta de 3,0% e do segmento de Informação e Comunicação, com alta de 2,1%. O setor Agropecuário teve expansão maior em termos absolutos, com alta de 11,3%, mas como sua participação no PIB é menor, o crescimento do Setor de Serviços foi mais significativo. 

Agro 

Além disso, a alta do setor agropecuário não deve ser entendida como uma grande expansão, mas na verdade como uma recuperação em relação aos fracos resultados anteriores. Nos últimos três trimestres de 2023, o setor agropecuário registrou retrações de -3,5%, -2,7% e -7,4%, respectivamente. O crescimento aparentemente extraordinário aconteceu em comparação a uma base relativamente fraca.

Indústria 

O setor industrial mais uma vez decepcionou e teve uma retração de -0,1% neste primeiro trimestre em relação ao anterior. Na comparação com o primeiro trimestre de 2023, o setor industrial teve alta de 2,8%. No entanto, esse crescimento ficou concentrado nas indústrias extrativas (como mineradoras e o setor de petróleo e gás), com alta de 5,9%. A indústria da transformação, teve variação de apenas 1,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2023. 

Acumulado 

Se considerarmos a variação do PIB acumulada em quatro trimestres, o crescimento geral foi de 2,5%. Esse seria o crescimento do PIB brasileiro se o ano se encerrasse em março. Ainda no acumulado, entre os setores da economia, a Agropecuária teve variação de 6,9%, o setor de Serviços teve expansão de 2,3% e o setor Industrial teve variação de 1,9%. 

Valores 

O PIB no primeiro trimestre de 2024 totalizou R$ 2,7 trilhões em valores correntes, sendo R$ 2,4 trilhões em valor adicionado e R$ 0,36 trilhões em impostos. O setor agropecuário somou pouco menos de R$ 0,2 trilhão, ou cerca de 8% do valor adicionado total. O setor de serviços é o que tem maior participação na produção de valor adicionado, contribuindo com R$ 1,6 trilhão no primeiro trimestre, sendo responsável por 2/3 de todo o valor adicionado gerado. 

Investimento 

Um ponto de destaque na medição do PIB deste primeiro trimestre foi a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que teve alta de 4,1% em relação ao trimestre passado. A Formação Bruta de Capital Fixo são os investimentos em bens de capital, utilizados para produção de outros bens e serviços, sendo um parâmetro fundamental para o aumento da produção futura.

Crescimento A FBCF vinha em seguidas quedas e, no acumulado dos últimos quatro trimestres, continua negativa (com variação de -2,7%), mas a reversão dessa tendência é um primeiro passo importante. Por outro lado, a taxa de poupança, que é importante para o país ter reservas para investir e crescer, teve queda significativa, chegando a 16,2%. As famílias privilegiaram o consumo e pouparam menos. E com tudo isso, o país vai crescendo, aos trancos e barrancos.