A União Europeia anunciou novas medidas de embargo contra o petróleo proveniente da Rússia (Divulgação)
Nesta semana, a União Europeia anunciou novas medidas de embargo contra o petróleo proveniente da Rússia, como retaliação à continuidade das ações bélicas russas na Ucrânia. As novas sanções envolvem não apenas a importação direta do petróleo, mas também impedem que empresas europeias de seguro cubram o transporte de navios petroleiros levando petróleo russo para qualquer parte.
Embargo
As exportações de petróleo e de gás natural representam pouco mais de 42% das receitas que a Rússia obtém no comércio internacional. Somente para a União Europeia, a Rússia exporta cerca de US$ 10 bilhões por mês em petróleo e derivados. Atacar essa fonte de renda é a estratégia europeia para tentar asfixiar a economia russa e impedir que o país continue financiando a guerra.
FRASE
"No fim do ano, o óleo diesel estará em falta globalmente."
Amartya Sen, economista indiano
Embargo 2
A Índia tem comprado grandes quantidades de petróleo russo desde o início da guerra. A extensão das sanções sobre as empresas seguradoras visa evitar que a Rússia consiga vender sua produção de petróleo para outros países. A maior parte dos seguros globais sobre o frete em navios petroleiros é feito por empresas europeias. Sem os seguros, as transações se tornam mais difíceis, pois os riscos são elevados.
Exceção
O embargo abrange apenas o petróleo transportado por via marítima, através dos navios petroleiros, deixando livre a comercialização de petróleo através dos oleodutos que interligam a Rússia e a Europa. Essa exceção foi colocada para permitir a adesão de todos os países membros da União Europeia ao embargo naval, pois a Hungria tem uma dependência energética quase total do petróleo russo.
Fornecimento
Outros países europeus também possuem grande dependência do petróleo russo. Cerca de 30% de todo o petróleo consumido na União Europeia vem da Rússia, sendo que mais da metade é entregue por via marítima. Com o embargo, os países europeus estão buscando fornecedores alternativos de petróleo, em países na África e até nas antigas repúblicas soviéticas.
Diesel
Além do petróleo, outra questão importante é o fornecimento de óleo diesel. Mais da metade dos automóveis na Europa roda com motores a diesel e não a gasolina, como é mais comum no Brasil. A Rússia forneceu 10% do óleo diesel consumido no continente europeu no ano passado, e esse fornecimento também terá que ser substituído.
Preços
O embargo demorará ainda alguns meses para ser totalmente implementado, estando plenamente em vigor apenas ao longo do segundo semestre, mas já tem causado elevações nos preços do petróleo. Na segunda-feira, o barril do petróleo Brent voltou a ficar cotado acima de US$ 120, colocando mais pressão sobre a inflação de todo o mundo. Os preços do óleo diesel no mercado internacional também devem ser pressionados para cima.
Reflexos
A consolidação das sanções irá provocar uma grande turbulência no setor de petróleo e gás, talvez de forma irreversível. Se a Rússia não conseguir vender sua produção, poderá ter que fechar alguns de seus poços. Talvez em definitivo (não é uma torneira, que você simplesmente fecha e depois abre quando quiser), retirando parte importante da oferta mundial.
Reflexos 2
Esse movimento certamente elevará o preço da energia, pressionando a inflação globalmente, e irá acelerar o processo de transição energética na Europa. Aqui no Brasil, poderíamos ter a oportunidade de aproveitar o momento e até sermos fornecedores alternativos de petróleo e, quem sabe, até de óleo diesel para a Europa.
Investimentos
Mas infelizmente os investimentos não foram feitos, a exploração do petróleo não se desenvolveu e não temos estrutura de refino sequer para atender a nossa própria demanda interna. Atualmente estamos importando 8% da gasolina e 23% do óleo diesel consumidos no país. Não só iremos perder o que poderia ser uma oportunidade de crescimento, como vamos sofrer as consequências de um mercado adverso no setor de petróleo e combustíveis.