Sede da Petrobras (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Após uma semana de altas, na segunda-feira a Bolsa de Valores de São Paulo foi puxada para baixo pelo desempenho negativo das ações da Petrobras. Na segunda-feira, as ações ordinárias da Petrobras caíram 2,63% enquanto as ações preferenciais caíram 2,17%. Foram dois os fatores que motivaram as perdas da Petrobras nesse dia.
Petrobras 2
O primeiro, mais técnico, é referente a uma queda da cotação do petróleo no mercado internacional. Por conta de novos fechamentos para combater o Covid-19 na China, surgiram receios de que o crescimento econômico chinês venha a ser mais fraco, diminuindo a demanda global por petróleo. Isso fez os preços do barril recuarem quase 10%, passando de US$ 120 para US$ 110.
FRASE
"Minha preocupação não é a gasolina a R$ 12 o litro, minha preocupação hoje é o desabastecimento".
Adriano Pires, indicado para a presidência da Petrobras.
Troca do Presidente
O segundo fator, mais objetivo, é a troca na presidência da Petrobras. O atual presidente, general Joaquim Silva e Luna, tinha um mandato até março do ano que vem. Mas o seu nome ficou de fora da lista de executivos para compor o Conselho de Administração da Petrobras apresentada pelo Ministério de Minas e Energia. No lugar de Silva e Luna, o MME indicou Adriano Pires para a presidência da Petrobras.
Temor
As ações da Petrobras refletiram imediatamente o anúncio da saída de Silva e Luna caindo abruptamente. O temor do mercado é de que o governo passe a interferir nos preços praticados pela Petrobras, forçando a empresa a adotar valores abaixo da referência de mercado internacional, dessa forma subsidiando a gasolina e o óleo diesel.
Insatisfação
Tornou-se pública a insatisfação do Presidente da República com os grandes reajustes de 11 de março promovidos pela Petrobras nos preços da gasolina e do óleo diesel vendido às distribuidoras. O reajuste atrapalha o combate à inflação pois produz impactos nos preços dos combustíveis, nos custos do frete e do transporte público.
Política de Preços
Desde 2016, a Petrobras adota a política de paridade de preços com o mercado internacional. Como a produção de petróleo no Brasil é insuficiente para abastecer o mercado interno de combustível, devido à restrições de refino, é preciso importar petróleo leve e até mesmo combustíveis já refinados. Assim, os custos de produção acompanham em parte os preços do petróleo e a cotação do dólar.
Investimento
Manter a atual política de preços não é favorável apenas aos acionistas da Petrobras, como muitos pensam. Se os preços no mercado internacional estão elevados, é natural que os preços internos sejam impactados. A elevação dos preços, aumenta margens de lucro que por sua vez atraem novos participantes ao mercado, permitindo novos investimentos e o crescimento da oferta.
Etanol
No passado foi adotada uma política de controle de preços dos combustíveis para segurar a inflação, cujos resultados foram muito negativos ao país. Além da perda de investimentos diretos, o controle artificial de preços prejudicou até mesmo a produção de etanol. Como a gasolina estava com o preço controlado, o etanol também não podia subir e o setor sucroalcooleiro amargou grandes perdas. A produção de etanol brasileiro ficou estagnada durante anos.
Novo Comando
O futuro presidente da Petrobras indicado pela presidência da República, é economista especializado no setor de energia. Adriano Pires já atuou como assessor da diretoria geral da Agência Nacional do Petróleo, em 2001, e recentemente vinha desempenhado um papel de consultor informal do MME. Por ser do setor, é um nome com potencial de agradar o mercado.
Novo Comando 2
Adriano Pires, economista de perfil liberal, provavelmente não deve trabalhar para alterar a política de preços da Petrobras. No entanto, ele já se demonstrou favorável à criação do fundo de estabilização, um fundo cujos recursos seriam utilizados para manter os preços dos combustíveis, absorvendo as altas do mercado internacional. Resta saber quem pagará a conta desse fundo.