xeque-mate da economia

Pesticidas

Estéfano Barioni
23/05/2022 às 19:58.
Atualizado em 24/05/2022 às 08:37
O uso indiscriminado dos pesticidas pode provocar a contaminação dos alimentos e até da água (Divulgação)

O uso indiscriminado dos pesticidas pode provocar a contaminação dos alimentos e até da água (Divulgação)

Além da questão dos fertilizantes, outro elemento também tem uma grande relevância na produção agrícola nacional, tendo impactos na economia, no meio ambiente, na saúde e até nas relações comerciais internacionais. É o uso dos pesticidas, também chamados de “agrotóxicos” ou, de maneira mais branda, de “defensivos agrícolas”.

Pesticidas 2

Os pesticidas são as substâncias químicas aplicadas sobre as lavouras, com o objetivo de dizimar as pestes (insetos, fungos e ervas daninhas) que atacam as plantas e muitas vezes destroem a produção. No entanto, o seu uso indiscriminado pode provocar a contaminação dos alimentos e até da água, através de resíduos que vão para os lençóis freáticos e outros cursos d’água.

FRASE

"Os governos monitoram o uso de pesticidas e inseticidas por lei, mas raramente perseguem ou processam violações.”
Deepak Chopra, médico indiano

Principais Pragas

No Brasil, as principais pragas são a lagarta-do-cartucho (que ataca as plantações de milho, mas também pode aparecer em outras plantações), a Helicoverpa armígera (lagarta que ataca lavouras de feijão, soja, milho, entre outras), a caruru-palmeri (uma erva daninha que pode diminuir em até 90% a produtividade das lavouras), e o percevejo-marrom e a ferrugem da soja (um inseto e um fungo que atacam as plantações de soja).

Monocultura

A plantação em larga escala, realizada extensivamente através das monoculturas, elimina a diversidade biológica que mantém o equilíbrio entre as espécies. O equilíbrio ecológico evita a proliferação de pragas, pois a diversidade atrai diferentes espécies que competem pelos recursos. Na monocultura, a diversidade de organismos é extremamente reduzida, fazendo com que muitos organismos percam seus predadores ou competidores naturais, tornando-se pragas.

Defensivos

Para controlar as pragas, existem alguns métodos que podem ser utilizados, como a rotação de culturas, seleção de variedades agrícolas mais resistentes, uso de controles biológicos, etc. Mas o uso de controles químicos, realizado através dos defensivos agrícolas, é de longe o mais eficaz no controle das pragas.

Uso Controlado

É praticamente inviável manter uma cultura extensiva com bons índices de produtividade sem recorrer aos defensivos agrícolas. Isso não chega a ser um problema, pois quando utilizados de maneira correta, conforme indicações do fabricante, os defensivos produzem poucos efeitos colaterais. O problema é que seu uso inadequado pode contaminar os alimentos, os cursos de água, e ainda tornar as pragas resistentes.

Pesticidas Banidos

Alguns pesticidas foram proibidos para uso no continente europeu. Mas, de maneira bastante ambígua (para dizer o mínimo), os países europeus continuam realizando a fabricação destes produtos químicos banidos e os exportam para uso no resto do mundo. O uso é proibido, mas a fabricação e a exportação são legais. O Brasil é o segundo maior importador mundial deste tipo de defensivos agrícolas.

Riscos

Os motivos que levaram a União Europeia e o Reino Unido a banirem o uso de 41 tipos de pesticidas são a alta toxicidade de suas substâncias, que oferecem risco aos trabalhadores que manuseiam os produtos, podendo causar ainda a contaminação dos alimentos e da água e ainda provocarem o desaparecimento das abelhas, o maior agente natural de polinização.

Riscos 2

Nesse modelo comercial, os riscos ambientais são exportados da Europa para o Brasil (e também para outros países do mundo) junto com as substâncias proibidas. Uma parcela dos riscos à saúde acaba sendo exportada de volta para a Europa, nos alimentos que são produzidos com o uso dos pesticidas que foram banidos.

Regra

É claro que o Brasil e a Europa possuem ambientes muito diferentes e que pragas agrícolas que existem aqui podem demandar soluções que não são admissíveis por lá. Por isso é fundamental o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Mas uma regra muito simples poderia ser aplicada sempre: não importar nada que o país exportador não vendesse a si mesmo.
 

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