Tempo (Divulgação)
Ao olharmos para as estrelas estamos vendo o passado. Como a luz leva um certo lapso temporal até chegar à Terra, pode ocorrer que determinado corpo celeste já nem esteja mais ali ao ser avistado, dado que pode ter se deslocado ou até desaparecido. Essa capacidade de vermos o passado acontece devido ao fenômeno da dilatação do tempo, descoberto por Albert Einstein. Se uma pessoa viajasse durante um ano à velocidade da luz (300 mil quilômetros por segundo) quando ela retornasse à Terra não encontraria mais a sua família e amigos vivos. Com sorte, talvez os seus bisnetos já idosos. Não, não se trata de ficção científica. Sendo assim, segundo a ciência, viajar para o futuro é possível, mas não ao passado. Por enquanto!
Para Platão, o tempo seria uma característica da ordem visível das coisas. Tendo criado o universo e o movimento, o Deus platônico estaria fora do tempo, eterno, sem passado, presente e nem futuro. Isso porque, sendo perfeito, Deus não pode mudar. Sua mudança o faria ficar "melhor" ou "pior". No primeiro caso, ele ainda não seria perfeito, e, no segundo, ele deixaria de sê-lo.
A ideia de Aristóteles sobre o tema difere da de Platão. Para ele, o conceito não se dissocia do movimento - entendido como mudança. Uma pedra fundamental de sua concepção é o fato do tempo não existir sem o espírito. Enquanto o movimento funciona fora da alma, o tempo só pode estar dentro dela. Para Aristóteles, o tempo é infinito em dois sentidos: do ponto de vista da adição, pois não pode esgotar-se por nenhuma adição de suas partes, e do ponto de vista da divisão, ou seja, é divisível até o infinito. Por isso, o tempo não existe para um ser vivo desprovido de alma ou espírito.
No que lhe concerne, Santo Agostinho discorre sobre o tema no seu livro Confissões, partindo de uma indagação enigmática: "O que estaria fazendo Deus antes da criação?" Sua conclusão é a de que o tempo surgiu no momento da gênese, pois não há sentido pensarmos em "antes" quando ele não existia. A partir disso, Agostinho tenta responder o que isso significa. Para o bispo de Hipona, o passado já não existe e o futuro ainda não veio. Sendo assim, o presente também não faz sentido, dado que não seria possível mensurá-lo, pois, em qualquer intervalo, cem anos ou um dia, sempre haverá um passado que já não é, e um futuro que ainda será. Assim, o presente, para Agostinho, é uma ilusão. Portanto, é melhor vivermos o tempo que nos resta, seja lá o que isso possa significar, dado que haverá sempre tempo para a justiça, tolerância e fraternidade.