Mercado de Trabalho (Divulgação)
Passado o Carnaval, o ano começa definitivamente. O país volta à normalidade depois dos dias de festa e descanso, e o foco das pessoas volta a ser o trabalho e o estudo. No ano passado, o Brasil apresentou um resultado econômico surpreendente. Os dados oficiais ainda não foram divulgados, mas o crescimento do PIB provavelmente ficou um pouco acima dos 3%. Neste ano, no entanto, será muito difícil repetir o bom desempenho.
Desaquecimento
Em 2024, a economia deve desaquecer, embora ainda existam fatores alimentando a demanda de curto prazo. Entre esses fatores estão a taxa de desemprego estacionada abaixo dos 8%, nos menores patamares desde a recessão de 2015/2016, e também o crescimento da renda real das famílias, percebida pela diminuição da inflação. Os dois fatores permanecerão atuando, mas mesmo assim a economia não deve crescer mais do que 1% em 2024.
FRASE
"A única maneira de descobrir os limites do possível é ir rumo ao impossível".
Arthur C. Clarke, escritor britânico
Fiscal
O maior desafio da economia brasileira em 2024 será alcançar o tão esperado déficit fiscal zero. No ano passado, tivemos um déficit primário igual a R$ 230,5 bilhões, mesmo com a economia crescendo a 3%. É claro que contribuíram para esse resultado as "cascasde-banana" deixadas pelo governo anterior. De qualquer forma, neste ano, com crescimento menos vigoroso, a questão fiscal torna-se ainda mais delicada de administrar.
Inflação
Os preços ao consumidor devem continuar em movimento de desinflação ao longo de 2024, embora em ritmo de desaceleração menor do que o observado no ano passado. O IPCA, que terminou 2023 aos 4,62%, deve encerrar este ano por volta de 3,8%. O baixo nível de desemprego e a elevação dos gastos públicos serão fatores que contribuem para alimentar a demanda e manter certa pressão nos preços.
Taxa de Juros
As taxas de juros continuarão a ser reduzidas no Brasil ao longo do primeiro semestre, recuando para 10,75% ao ano em meados de março e para 10,25% ao ano no início de maio. A extensão do afrouxamento monetário ainda não está definida e dependerá da evolução da economia (um mau desempenho fiscal pode interromper o processo), mas espera-se que a taxa Selic chegue ao final de 2024 ao redor de 9,0% ao ano.
Câmbio
A taxa de câmbio tem se mantido relativamente estável nos últimos 15 meses, com o valor do Dólar oscilando entre R$ 4,72 e R$ 5,30 durante todo o período. A taxa de câmbio é talvez o parâmetro mais difícil de se projetar, pois sua evolução depende de fatores internos e externos, mas o atual equilíbrio deve se manter ao longo do ano, e a cotação deve ficar a maior parte do tempo entre R$ 4,80 e R$ 5,10.
Exportações
A taxa de câmbio é influenciada pelo diferencial de inflação entre as duas moedas a serem convertidas e pelos fluxos de entrada e saída de moeda estrangeira. O saldo de entrada e saída depende dos fluxos financeiros de investimento e também do desempenho da balança comercial. Nesse caso, as exportações têm um papel muito importante para garantir a entrada de recursos no país.
China
A China também inicia um novo ano a partir dessa semana, não por causa do Carnaval, que sequer é festejado no país, mas por conta do calendário chinês. No último dia 10 de fevereiro foi celebrado o ano-novo chinês, marcando o início do ano do Dragão de Madeira. Segundo a tradição chinesa, este será um ano de grande energia e oportunidades de transformação e inovação. O bom desempenho da economia chinesa é importante para o Brasil, pois trata-se de nosso maior parceiro comercial.
Reforma
Voltando ao Brasil, o Congresso Nacional deve regulamentar vários dispositivos da reforma tributária que foi aprovada no ano passado. As leis complementares que ainda serão discutidas definirão, por exemplo, como os novos tributos sobre o valor agregado serão cobrados. Essas discussões devem acontecer no primeiro semestre, pois este é um ano eleitoral e as eleições municipais irão paralisar boa parte dos congressistas no segundo semestre.