EDITORIAL

Nova polêmica sobre o Pátio Ferroviário

Do Correio Popular
31/05/2022 às 10:13.
Atualizado em 31/05/2022 às 10:13
Em péssimo estado de conservação, galpão tombado como patrimônio histórico é empecilho à construção de Shopping Popular em área do antigo pátio ferroviário (Ricardo Lima)

Em péssimo estado de conservação, galpão tombado como patrimônio histórico é empecilho à construção de Shopping Popular em área do antigo pátio ferroviário (Ricardo Lima)

A cada capítulo do projeto de revitalização da região central de Campinas surgem obstáculos que dificultam a sua execução. A demolição de um dos galpões do complexo ferroviário, tombado pelo patrimônio histórico, é apontada pelos camelôs como necessária para viabilizar a construção do edifício que deverá abrigar o futuro shopping da categoria. O pedido será objeto de análise do Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc). Após receberem a planta do novo centro comercial, os conselheiros devem avaliar a proposta de derrubar o antigo barracão, que no passado serviu de garagem para manutenção de locomotivas.

A revitalização da região central é uma antiga aspiração da sociedade. Há décadas, ela sofre com a degradação urbana, desvalorização de imóveis, fechamento de atividades comerciais, culturais e deterioração ambiental. Nesse contexto, insere-se o Pátio Ferroviário. Com o abandono dos trens de passageiros e o fechamento das estações, o município herdou um rico patrimônio histórico, que outrora foi motivo de orgulho e desenvolvimento da região. Hoje, porém, nas condições em que se encontra, não passa de um estorvo para a cidade. Com ramais desativados, barracões em decomposição e terrenos baldios tomados pelo mato, sujeira e animais peçonhentos, o pátio é um triste cenário urbano.

Segundo o sindicato dos camelôs, a manutenção do antigo prédio inviabiliza a construção do centro comercial, um projeto de R$ 115 milhões que deverá ocupar uma área de 18 mil metros quadrados, com três andares e 1.688 boxes. A liderança dos camelôs argumenta que o referido barracão não teria valor histórico e, nas atuais condições em que se encontra, após ter sido saqueado por usuários de drogas, a única saída seria a sua completa demolição. Obviamente, é preciso ver qual será o posicionamento das entidades que gerenciam o patrimônio histórico em relação ao pedido de demolição do galpão ferroviário.

Desde o início de seu governo, o prefeito Dário Saadi vem se movimentando para dar prosseguimento aos projetos de resgate das áreas degradadas da região central, incluindo o Pátio Ferroviário e toda a sua vizinhança. No entanto, as polêmicas construídas em torno do processo, com intervenções de diversos atores da sociedade civil, tornam cada vez mais distante o sonho do campineiro de poder se apropriar, novamente, de uma área que, outrora, foi motivo de orgulho da cidade e indutor do desenvolvimento da cidade e região.

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