XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Metas de Inflação

Estéfano Barioni/[email protected]
04/07/2024 às 16:02.
Atualizado em 04/07/2024 às 16:02
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reuniu e anunciou mudanças no sistema de metas de inflação do Brasil. Essas mudanças, que entrarão em vigor a partir de 2025, representam um pequeno avanço na condução da política monetária do país, introduzindo uma nova abordagem para a gestão da inflação. A meta foi mantida em 3% ao ano, mas a partir do ano que vem será adotado um sistema de metas contínuas em vez de metas anuais.

Sistema de Metas 

O sistema de metas de inflação foi instituído em 1999 e tem sido um pilar central da política monetária brasileira. Toda a política monetária é realizada com o objetivo central de atingir as metas de inflação. Até agora, o cumprimento ou descumprimento da meta era avaliado pontualmente com base no ano-calendário, verificando-se o nível de inflação medido em dezembro. A partir de 2025, essa avaliação passará a ser contínua.

a frase 

“A sorte bate à porta apenas uma vez, mas o infortúnio tem muito mais paciência."

Laurence J. Peter, escritor canadense 

Flexibilidade 

Com as regras atuais, se a inflação passasse o ano todo fora da meta e somente em dezembro recuasse para o intervalo de tolerância, isso seria considerado um sucesso. Ao contrário, se a inflação passasse o ano todo bem comportada e só em dezembro acelerasse para fora do intervalo de tolerância, isso seria considerado um fracasso. O novo critério oferece maior flexibilidade para a condução da política monetária. 

Vantagens 

No modelo atual, o Banco Central busca garantir que a inflação fique dentro do intervalo de tolerância ao final de cada ano. Isso poderia levar a ajustes bruscos nas taxas de juros, especialmente se a inflação apresentar aumentos imprevistos. Com a meta contínua, esses ajustes podem ser distribuídos de maneira mais suave ao longo do tempo, permitindo uma gestão mais harmoniosa da política monetária. 

Previsibilidade 

Além disso, a mudança significa que a meta de inflação será permanente e não precisará mais ser definida ano a ano. Teremos uma meta de inflação contínua de 3% com um intervalo de tolerância de 1,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. O novo sistema também prevê que qualquer alteração na meta de inflação só entre em efeito 36 meses após a decisão. Assim, a meta atual será válida até 2027, pelo menos, garantindo maior previsibilidade.

Horizonte 

A mudança para um sistema de metas contínuas também tem implicações práticas para a política monetária. O Banco Central já utiliza um horizonte ampliado de até 18 meses para definir as taxas de juros, levando em conta o cenário inflacionário previsto. Com o novo sistema, essa prática será formalizada e ajustada para facilitar o cumprimento das metas, especialmente em casos de choques temporários nos preços, como variações no petróleo, por exemplo.

Rigor 

Vale ressaltar que a introdução do sistema de metas contínuas não representa leniência no controle da inflação. Pelo contrário, a exigência de que a inflação não permaneça fora do intervalo de tolerância por mais do que seis meses consecutivos reforça o compromisso com a estabilidade de preços. No modelo atual, era possível que a inflação ficasse fora da meta por quase todo o ano e só convergisse para os limites estabelecidos em dezembro, como aconteceu em 2016. 

Evolução 

Essas mudanças, embora possam parecer pequenas, representam uma evolução importante na formação da política monetária brasileira, alinhando o país com práticas internacionais mais modernas e eficazes. O sistema de metas contínuas é adotado por diversos países e oferece uma maior flexibilidade e previsibilidade na gestão econômica. 

Evolução 2 

A introdução de um sistema de metas contínuas, aliada à manutenção dos valores meta e de tolerância, além da exigência de um prazo longo para eventuais mudanças nas metas, são medidas que devem ser vistas como avanços importantes. Elas refletem uma abordagem mais moderna na condução da política monetária, permitindo um combate à inflação menos rígido, mas não menos rigoroso.

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