Liberal ou Não

Novamente eu me proponho a discutir brevemente alguns conceitos que têm sido mal utilizados na discussão econômica e política atual. Dessa vez, abordarei o conceito de liberalismo econômico, que procurarei tratar da forma mais didática e imparcial que me for possível, com o objetivo de informar e esclarecer, para que o leitor possa refletir e julgar as ideias de acordo com seus próprios valores.

Liberalismo Econômico

O liberalismo econômico surgiu no século XVIII e teve Adam Smith como seu principal teórico e representante. Adam Smith é considerado o pai da economia moderna e suas ideais giram em torno de que a riqueza de uma nação é alcançada em um processo onde cada indivíduo dessa nação busca o que é melhor para si mesmo, movido pelos seus próprios interesses pessoais.

FRASE

“Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mas de seu apreço pelo seu próprio interesse”.

Adam Smith, economista inglês

Interesse 

Suponha que eu queira abrir uma cervejaria. É do meu interesse lucrar com ela, então eu me empenharei em fazer dela um bom negócio, em fabricar uma boa cerveja e produzir com eficiência. Irei contratar pessoas, comprar insumos, investir em equipamentos, propaganda, etc. Pela lógica do liberalismo, ao buscar o meu interesse pessoal de ter um negócio bem sucedido, eu contribuo para a economia em geral, aumentando a riqueza. 

Interesse 2

Por outro lado, se a minha cerveja não for de boa qualidade ou se meus processos não forem eficientes e a cerveja acabar com um preço alto demais, a minha empresa não irá prosperar. Os consumidores, movidos apenas pelos seus próprios interesses, não irão comprar o meu produto e minha empresa irá falir, deixando espaço para uma nova empresa que será melhor e mais eficiente (ou também irá falir). Novamente o interesse individual contribui para o desenvolvimento. 

Liberalismo

Simplificando o conceito, ser liberal é defender a liberdade dos indivíduos (tanto pessoas como empresas) em realizar suas escolhas. Ao serem livres para escolher, os indivíduos estariam buscando seus próprios interesses e isso contribuiria para o bem geral. Do ponto de vista econômico, o contrário de liberalismo é intervencionismo: o estado atuando e interferindo nas escolhas individuais. 

Dentro da Lei

Obviamente, quando se fala em liberdade para realizar as escolhas, nos referimos a uma liberdade que é restringida pela legislação. Eu sou livre para escolher abrir uma cervejaria, mas não posso escolher produzir perfumes falsificados. E mesmo escolhendo a cervejaria, eu preciso seguir uma série de regulações e legislações para poder fazer isso. Liberdade sem a observância da lei, não é liberdade e nem liberalismo: é caos. 

Mercado Livre

Os benefícios gerais criados a partir da busca dos interesses individuais partem do pressuposto de que o mercado é livre e de que existe concorrência perfeita. Sem essas condições, os ganhos são limitados ou simplesmente não existem. Se sou o dono da única cervejaria, minha empresa pode ser ineficiente e meu produto pode ser ruim. Nesse caso, a busca do meu interesse pessoal não gera benefício nenhum a não ser para mim mesmo. 

Intervenções

O liberalismo puro não resolve as situações em que o mercado é imperfeito e não existe concorrência. Outro problema é a realização de atividades que ninguém quer fazer como, por exemplo, levar água encanada a um bairro distante. Nesses casos, o Estado pode intervir impondo uma solução, seja através de atos normativos e regulatórios ou prestando ele mesmo o serviço.

Estado e Livre Iniciativa

Ser de direita não é ser automaticamente liberal. Existiram governos de direita extremamente intervencionistas, como foi o caso do período militar. Do mesmo modo, ser de esquerda não exige ser intervencionista. A livre iniciativa sem dúvida é importante para o desenvolvimento de uma nação e para a geração de riqueza. Assim como o Estado é importante, provendo o que for necessário para corrigir as falhas de mercado.