XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Juros

Estéfano Barioni
27/09/2022 às 15:56.
Atualizado em 27/09/2022 às 15:56
Juros fecham em baixa (Divulgação)

Juros fecham em baixa (Divulgação)

Na semana passada, o Banco Central do Brasil decidiu manter inalterada a taxa básica de juros, que ficou em 13,75% ao ano. No mesmo dia, o banco central dos Estados Unidos promoveu um novo aumento de 0,75 ponto percentual em sua taxa de juros, que foi elevada a 3,25% ao ano. Nos dias seguintes, outros países como Reino Unido, Suíça e Noruega também promoveram aumentos nas suas taxas de juros.

Inflação

A grande preocupação dos bancos centrais é a inflação. O aumento da taxa de juros é utilizado como a forma mais clássica de combate à inflação pois aumenta o custo do crédito. Empréstimos ficam mais caros e difíceis de tomar. Além disso, há um incentivo maior a poupar, porque o dinheiro no banco rende mais. Com esses dois efeitos, ocorre uma diminuição de liquidez na economia, ou seja, há menos dinheiro em circulação. O consumo diminui e os preços caem. 

FRASE

" Pessoas inteligentes tomam decisões baseadas no custo de oportunidade."

Charlie Munger, megainvestidor norte-americano

Inflação 2

O aumento generalizado dos preços diminui o poder de compra das famílias, cuja renda não cresce na mesma velocidade que os preços. Há um empobrecimento generalizado. Uma inflação alta por muito tempo, com os preços subindo o tempo todo, faz também com que as pessoas e empresas percam a capacidade de avaliar corretamente os preços de bens e serviços, inviabilizando o planejamento financeiro. Por esses motivos, torna-se importante a luta contra a inflação. 

Decisão e Ação

Quando a inflação está acima dos níveis considerados toleráveis para a economia, os bancos centrais decidem elevar as taxas de juros, mas essa elevação não acontece em uma simples "canetada". Os juros não são elevados por decreto. O que acontece é que, uma vez tomada a decisão sobre a taxa de juros, o Banco Central atua no mercado de títulos públicos de modo a alinhar a taxa de juros efetivamente praticada ao valor decidido pelo COPOM. 

Selic

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, pois é a taxa de juros utilizada nas operações de empréstimo de um único dia, realizadas entre as instituições financeiras que utilizam como garantia títulos públicos federais. Ao alterar a taxa de juros sobre esses títulos dentro do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), o Banco Central altera também o custo de captação de crédito dos bancos. 

Transmissão 

Quando os bancos têm um maior custo de captação de crédito, aumentam as taxas de juros que praticam para conceder empréstimos e financiamentos, havendo assim uma transmissão do aumento das taxas de juros praticadas em toda a economia. Por isso, dizemos que a Selic é a taxa básica de juros, pois é ela a taxa de referência. Aumentos nessa taxa provocam aumentos em cascata em toda a economia. 

Transmissão 2

Os efeitos do aumento da taxa Selic são sentidos tanto pelos tomadores de crédito como pelos investidores, pois os títulos públicos passam a ter maior rentabilidade, assim como toda a renda fixa atrelada a esses títulos. Outros produtos de investimento em renda fixa oferecidos pelos bancos (como CDBs, por exemplo) precisam também oferecer maior rentabilidade para permanecerem competitivos. 

Custo de Oportunidade

Com maior rentabilidade do lado do investidor, aumenta o custo de oportunidade dos projetos. A lógica é a seguinte: se eu consigo uma remuneração de 14% ao ano na renda fixa sem qualquer risco, por que eu iria abrir um negócio, assumindo uma série de riscos, para ter um retorno de 15% ao ano? Quando a alternativas sem risco remuneram mais, menos projetos são realizados.

Custo do Capital

Tudo isso faz com que aumente o custo do capital. O dinheiro fica mais caro, provocando o efeito colateral do aumento da taxa de juros que é a desaceleração do crescimento econômico. Não apenas o consumo imediato diminui, mas também menos projetos são realizados pois os investimentos se tornaram mais caros por conta do crédito e do custo de oportunidade. Por essa razão é preciso parcimônia na condução da política monetária. 

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