Brasil-Itália (Reprodução)
Por ocasião da 28ª Semana Italiana de Campinas, é válido abordar a importância que a imigração italiana teve na construção da sociedade brasileira, especialmente no interior do estado de São Paulo e na região sul do país. Além dos aspectos sociais e culturais, o lado econômico também permeia toda a história da imigração italiana ao Brasil, desde suas causas até suas consequências.
Escravidão
Mesmo antes do final da escravidão no Brasil, que ocorreria tardiamente em 1888, fatores econômicos já favoreciam a atração de imigrantes. O tráfico de escravos foi proibido em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós. A Lei do Ventre Livre, de 1871, garantia que nenhuma pessoa nasceria na condição de escravo em solo brasileiro. Com isso, o preço dos escravos alcançava níveis elevados, tornando mais atrativa a importação de mão de obra.
FRASE
"Você pode ficar com o universo, se eu puder ficar com a Itália".
Giuseppe Verdi, compositor italiano
Europa
A Europa se destacava entre as regiões do mundo que poderiam fornecer mão de obra para a substituição do trabalho escravo no Brasil, pois o desenvolvimento do capitalismo industrial no continente europeu começava a formar massas de trabalhadores excedentes. A imigração europeia ao Brasil se iniciou em meados do século XIX, mas foi a partir de 1870 que se tornou um fenômeno de massa.
Números
Somente entre os anos de 1884 e 1923, o número de imigrantes que vieram ao Brasil foi de pouco mais de 3,2 milhões. Desse contingente, os italianos eram a maioria, com mais de 1,3 milhão de pessoas. Os números se tornam ainda mais relevantes quando comparados com a dimensão da população brasileira na época que, em 1900, era estimada em 17 milhões de pessoas. Um em cada dez habitantes do Brasil era um imigrante italiano. Em São Paulo, a proporção era ainda maior.
Itália
O grande volume de imigrantes italianos que vinham ao Brasil foi decorrência das condições econômicas da Itália neste período. A Itália passava por um período de transição para o modelo capitalista no campo, que levava à concentração da produção, retirando espaço do pequeno produtor. Além disso, a grande inundação do Vêneto, ocorrida em 1882, foi uma verdadeira catástrofe para os pequenos agricultores da região.
Itália 2
A unificação da Itália ainda era recente, tendo ocorrido apenas em 1870, e a reorganização do país envolveu o confisco de diversas propriedades agrícolas. Esses fatores criaram um excedente de mão-deobra que a própria Itália não conseguia absorver, pois seu setor fabril ainda estava crescendo lentamente àquela época. Para lidar com a situação, o governo italiano incentivava a migração, garantindo direitos de cidadania aos descendentes nascidos fora do país.
Períodos
A imigração italiana foi realizada em dois períodos. O primeiro foi formado majoritariamente por vênetos e lombardos, que vieram trabalhar nas plantações de café no interior de São Paulo e em outras culturas agrícolas no sul do país. No segundo período, vieram os italianos do sul, especialmente da Campânia, Calábria e Sicília, que se estabeleceram principalmente nos centros urbanos, dedicando-se a atividades artesanais e ao comércio.
Transição
Sendo absorvidos para trabalhar na fronteira do café que se expandia no interior de São Paulo, os imigrantes italianos introduziram novas técnicas, contribuindo para a modernização das práticas de cultivo. No entanto, a contribuição dos italianos não se limitou apenas ao trabalho agrícola. Eles também foram fundamentais na transição para uma economia mais robusta e diversificada.
Industrialização
Com o tempo, muitos dos imigrantes e seus descendentes se mudaram para áreas urbanas onde contribuíram significativamente para o crescimento econômico. Os italianos foram pioneiros em estabelecer pequenas e médias empresas, incluindo fábricas de alimentos, têxteis e outros manufaturados. A força empreendedora dos italianos foi um dos fatores que ajudaram a impulsionar o desenvolvimento industrial e o crescimento do Brasil.
