Itália

Além dos vários problemas gerais enfrentados pela Europa atualmente, como a elevação dos preços, os efeitos da guerra em seu território continental, e uma iminente crise energética devido às crescentes restrições no fornecimento de gás e de petróleo da Rússia, existe um país que possui uma questão adicional a resolver. Esse país é a Itália. 

Inflação

O continente europeu também está sentindo os efeitos nocivos da inflação que avança em todo o mundo, trazendo queda do poder de compra da população. O índice de inflação na zona do Euro está em alta, registrando 8,6% no acumulado de 12 meses. É a inflação mais elevada na região desde a implantação da moeda comum. 

FRASE

"A comunicação institucional não deve de forma alguma ser confundida com propaganda política"
Sergio Mattarella, presidente italiano

Inflação 2

Na Itália, a situação não é muito diferente, com o atual índice de inflação alcançando 8,0% ao ano. Para encontrar uma inflação desta mesma magnitude no país é preciso retornar a meados da década de oitenta, quando a moeda ainda era a Lira italiana e uma xícara de café custava 400 Liras, uma garrafa de vinho saía por 900 Liras e um quilo de carne custava nada menos do que 11.000 Liras.

Guerra 

Voltando aos tempos atuais, a guerra na Ucrânia também está abalando o continente. Os impactos comerciais são enormes, pois a União Europeia é o maior parceiro comercial da Ucrânia e o principal destino de sua produção de alimentos. Isso sem falar nos aspectos humanitários. Cerca de 5 milhões de ucranianos já se refugiaram na União Europeia desde o final de fevereiro. 

Energia

Existe ainda uma iminente crise energética. A Europa impôs sanções econômicas contra produtos e empresas russas. A Rússia, por sua vez, tem cortado o fornecimento de gás para a Europa. O gás natural é uma importante fonte de energia para a União Europeia, sendo usado para aquecimento residencial e comercial (38% do consumo), geração elétrica (32%) e consumo industrial (28%).

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Cerca de 42% de todo o gás natural consumido na União Europeia é fornecido pela Rússia que, nesta semana, reduziu o fornecimento para um quinto dos volumes normalmente exportados, alegando problemas técnicos. A União Europeia já declarou planos para substituir totalmente o gás russo até o fim do ano, mas ainda não existe uma solução para suprir toda a demanda de gás, especialmente quando o inverno se aproximar. 

Novo Governo

Além de todos esses desafios, a Itália enfrentará uma questão adicional que é a troca do comando do país. O governo atual perdeu a maioria na câmara e, sem apoio parlamentar, o primeiro-ministro Mario Draghi apresentou a sua demissão do cargo. Novas eleições foram antecipadas e devem acontecer no fim de setembro para formação de um novo congresso e um novo governo. 

Draghi

Mario Draghi é um economista de sólida formação, tendo sido presidente do Banco Central Europeu durante oito anos. Foi indicado para comandar o governo italiano pelo presidente do país, Sergio Mattarella, depois que o congresso não conseguiu formar um governo de coalisão durante a pandemia. O primeiro-ministro Mario Draghi ficou 17 meses no cargo, mas a duração de seu governo não foi uma exceção.

Rotatividade

Nos últimos 50 anos, a Itália teve 41 governos diferentes, fazendo com que cada governo tenha uma duração média de 14 meses e meio. Essa instabilidade política vem de dispositivos da constituição italiana pós-Mussolini, que propositadamente estabeleceram frágeis condições para a sustentação de qualquer governo, tornando muito difícil a perpetuação de qualquer um no poder.

Separação

A preocupação desses dispositivos é a preservação da democracia, garantindo a rotatividade no comando. Se o governo está sendo ruim, que saia. Se está sendo bom, que saia também, pois faz parte do processo. E como o país não cai no caos completo com tanta rotatividade? Existe uma separação muito clara entre estado e governo, as instituições são sólidas e servem ao estado italiano e não aos governos de ocasião.