XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

IPCA

Estéfano Barioni
13/09/2022 às 10:54.
Atualizado em 13/09/2022 às 10:54
IPCA (Divulgação)

IPCA (Divulgação)

No fim da semana passada, foi divulgado o IPCA do mês de agosto, que acabou registrando recuo de -0,36%. É o segundo mês seguido de variação negativa medida pelo IPCA. Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses cai ao valor de 8,73% ao ano. Esse é o nível mais baixo para a inflação acumulada desde junho do ano passado. 

Inflação

Mesmo com a queda, que obviamente é muito importante, a inflação continua em um nível mais elevado do que o aceitável para a manutenção da estabilidade econômica. O Banco Central trabalha com o sistema de metas para inflação e considera que valores adequados para o estágio atual da economia estariam entre 2% e 5% ao ano. 

FRASE

“A inflação é sempre e em qualquer lugar um fenômeno monetário."

Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia em 1976

Trajetória

Em abril deste ano, a inflação acumulada alcançou 12,13% ao ano, portanto, tudo indica que o pior momento já passou. Mas para entender se a trajetória da inflação deve continuar em queda, fruto dos efeitos da política monetária, ou se é um recuo pontual, devemos analisar o que motivou a deflação registrada em agosto. 

Concentração

Assim como também já havia sido verificado em julho, a deflação de agosto ficou concentrada no recuo de poucos itens. Dos nove grupos de bens e serviços que compõem o IPCA, apenas dois grupos registraram redução de preços enquanto os outros sete grupos tiveram aumentos. Para que o recuo da inflação seja um processo durável, seria melhor que vários itens apresentassem comportamento de queda. 

Altos e Baixos

Os grupos que registraram recuo dos preços foram Transportes (com variação de -3,37%) e Comunicação (com variação de -1,10%). Do lado dos grupos que tiveram os maiores aumentos estão Vestuário (com variação de +1,69%), Saúde e Cuidados Pessoais (+1,31%), Educação (+0,61%) e Despesas Pessoais (+0,54%). A inflação sobre o grupo de Alimentação e Bebidas foi de +0,24% em agosto.

Combustíveis

Novamente a principal queda, ocorrida no grupo de Transportes, foi devida à redução no preço dos combustíveis. O preço da gasolina teve queda de -11,64%, o etanol recuou -8,67% e o óleo diesel teve queda de -3,76% no mês de agosto. As variações ainda são reflexo da redução do ICMS sobre a distribuição e também devido a uma nova redução de preços da gasolina nas refinarias, feita em meados de agosto.

Transportes

O grupo de Transportes captura a influência direta dos preços dos combustíveis. Se esse grupo fosse excluído do cálculo do IPCA, a inflação de agosto teria sido de +0,36%, um nível de alta dos preços equivalente a uma inflação anual de 4,41%, caso tivéssemos 12 meses seguidos dessa variação. Esse resultado estaria dentro da meta de inflação, mas configura um lento recuo. 

Outras Quedas

No grupo de Comunicação, a variação negativa ocorreu motivada especialmente pela queda nos preços dos planos de telefonia fixa (-6,7%) e de telefonia móvel (-2,7%). Ainda no grupo de Transportes, houve um grande recuo no preço das passagens aéreas (-12,1%), após quatro meses de altas seguidas. 

Mês a Mês

Comparando as variações de preços observadas nos últimos dois meses deste ano, entre os nove grupos de bens e serviços que formam o IPCA, apenas três tiveram uma variação menor em agosto do que a registrada em julho. Nos outros seis grupos, os preços aceleraram. Para que o controle da inflação seja finalmente alcançado, é preciso que mais grupos estejam apresentando trajetória de queda. 

Movimento Generalizado

A inflação é o aumento generalizado dos preços. O recuo do IPCA para níveis abaixo de 9% ao ano é um passo importante no controle da inflação. No entanto, esse recuo é motivado pela redução nos preços dos combustíveis (menor ICMS e redução do preço do petróleo). Não é ainda um efeito em resposta à política monetária. Enquanto não tivermos queda generalizada de preços, não podemos dizer que a inflação está em trajetória de controle.

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