XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

IPCA

Estéfano Barioni
11/08/2022 às 12:46.
Atualizado em 11/08/2022 às 12:46
IPCA (Divulgação)

IPCA (Divulgação)

O IPCA do mês de julho registrou deflação (que é o mesmo que inflação negativa). Os preços de alguns dos produtos e serviços acompanhados pelo IBGE apresentaram recuos importantes, fazendo o índice ter uma variação negativa de -0,68% no mês. Essa variação representa a maior deflação mensal já registrada desde que o IPCA começou a ser calculado, em janeiro de 1980, quando a moeda ainda era o Cruzeiro. 

Inflação

Com a queda observada em julho, o valor da inflação acumulada em 12 meses recua para 10,07% ao ano. É um recuo importante, mas a inflação continua muito acima do razoável e muito além da meta estabelecida pelo Banco Central. Para garantir a estabilidade da economia, o Banco Central tem como meta para este ano manter a inflação entre 2% e 5% ao ano. 

FRASE

"Não existe proteção sem risco contra a inflação."

Edgard Fiedler, economista norte-americano

Inflação 2

O recuo dos preços registrado no IPCA de julho é uma boa notícia, mas existe um grande caminho ainda a seguir para o controle da inflação. A variação negativa de julho (-0,68%) mal é suficiente para recuperar o aumento dos preços que havia sido registrado no mês anterior, junho, quando o IPCA teve aumento de +0,67%. No acumulado do ano, o IPCA registra alta de 4,77%. 

Concentração

Além de quantitativamente existir ainda um bom caminho para trazer a inflação de volta a níveis toleráveis, um dos problemas é que a deflação registrada no mês passado está concentrada no recuo de preços de poucos itens. Dos nove grupos de bens e serviços que compõem o IPCA, apenas dois registraram redução enquanto os outros sete grupos tiveram aumentos de preços.

Altos e Baixos

Os grupos que registraram queda de preços foram Habitação (com variação de -1,05%) e Transportes (com variação de -4,51%). Do lado dos grupos que tiveram os maiores aumentos estão Alimentação e Bebidas (com variação de +1,30%), Despesas Pessoais (+1,13%), Vestuário (+0,58%) e Saúde e Cuidados Pessoais (+0,49%). 

Combustíveis

A principal queda, no grupo de Transportes, deve-se à redução observada no preço dos combustíveis. O preço da gasolina teve queda de -15,5% no mês enquanto o etanol recuou -11,4%. A queda é consequência direta da redução do ICMS promovida em vários estados. No fim do mês de junho, o estado de São Paulo reduziu a alíquota do ICMS de 25% para 18% sobre a gasolina. Por outro lado, o óleo diesel registrou aumento de preços de +4,6% em julho. 

Eletricidade

A queda registrada no grupo de Habitação também foi causada especialmente pela redução de um único fator: a eletricidade. Houve redução nos preços da energia elétrica residencial (com variação de -5,78%), também provocada pela redução da alíquota de ICMS cobrada sobre a energia elétrica. Além disso, houve o processo de revisão da tarifa de algumas distribuidoras de energia. 

Alimentação

Por outro lado, a alta de 1,30% do grupo de alimentação e bebidas foi provocada especialmente pelo aumento do preço do leite (que teve alta de 25,5% no mês), de seus principais derivados como queijo, manteiga e leite condensado (altas entre 5% e 6,5%), e do preço das frutas (com alta de 4,4%). A alimentação fora de casa também teve elevação de preços. 

Saúde 

A alta de 0,49% do grupo de saúde e cuidados pessoais foi causada especialmente devido aos planos de saúde, que registraram mais uma alta, dessa vez de 1,13%. Esse aumento ainda é reflexo do reajuste concedido pela Agência Nacional de Saúde no final de maio, que permitiu aumentos de até 15,5% nos planos individuais. 

Primeiro Passo

Há que se admitir que a redução do IPCA do mês de julho é um primeiro passo para o controle da inflação. É um passo importante e é claro que é preciso começar de algum lugar. Mas essa redução ocorreu basicamente devido a um fator isolado: a redução do ICMS sobre a gasolina e a energia elétrica. Nos demais itens, poderemos observar recuos no próximo mês, mas por enquanto os preços ainda registram alta. O combate à inflação deve perseverar e está longe de terminar.

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