Sessão ordinária da Câmara de Campinas: dez integrantes da Casa concorreram nas eleições de domingo, mas nenhum foi eleito (Gustavo Tilio)
Decorridos dois dias do resultado do escrutínio do primeiro turno das eleições gerais de 2022, os vereadores de Campinas, que concorreram a uma vaga na Assembleia Legislativa paulista ou Câmara Federal deveriam ouvir o recado das urnas como uma advertência clara de que o desempenho deles como parlamentar - salvo poucas exceções - está muito aquém do esperado. Desse grupo, ninguém conseguiu alcançar o número de votos necessários para ocupar uma cadeira como deputado federal ou estadual, exceto o postulante a suplente de senador, eleito graças ao fenômeno político extraordinário que impulsionou candidaturas tingidas com as cores do bolsonarismo em todo o país, como constatado na lista dos mais votados na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Vale ressaltar que esse fator se repetiu este ano, a exemplo de 2018, fazendo com que concorrentes forasteiros fossem muito bem-sucedidos no sufrágio na região.
Ainda que poucos tenham obtido votações superiores à marca dos 30 mil votos, qualificando-se como suplente na próxima legislatura, a verdade é a de que a grande maioria amargou desempenhos insatisfatórios, alguns deles sofríveis, colocando em dúvida a capacidade de manutenção de seu capital político para as próximas disputas. Os vereadores deveriam reconhecer a mediocridade que grassa no parlamento, conforme demonstram o balanço das atividades, e melhorar a qualidade dos trabalhos, a fim de recuperar a imagem maculada por conta das denúncias de práticas de rachadinha e corrupção em negociações de contratos de terceirização de serviços, conforme investigações em curso no Ministério Público.
A presidente Debora Palermo (PSC) reconhece que é preciso resgatar o parlamento, que se encontra bastante desgastado perante a população. Para isso, além da retórica, é necessário investir em pautas legítimas voltadas aos interesses da cidade e menos em honrarias, nomes de rua e projetos redundantes, como aqueles que obrigam ao cumprimento de leis federais, por exemplo, como vem ocorrendo ultimamente na agenda da Casa. Embora a sociedade reconheça que a Câmara dispõe dos instrumentos para acolher os anseios coletivos, ela também cobra uma postura mais adequada dos representantes no exercício de suas funções de legislar e fiscalizar o Executivo. Sendo assim, cabe aos ocupantes das cadeiras do plenário campineiro trabalhar com afinco, zelo, probidade e, acima de tudo, comprometimento com o clamor emanado das ruas.