Inflação do Natal (Rovena Rosa/ Agência Brasil)
Os vários índices de inflação que existem têm registrado um menor avanço geral dos preços em relação ao primeiro semestre. O IPCA acumulado nos últimos doze meses até novembro está em 5,90% e deve fechar o ano um pouco abaixo de 5,80%. O IPC-FIPE acumulado até novembro está em 7,35% e o IPC-DI calculado pela FGV está em 4,53% no acumulado dos últimos doze meses. Todos esses são diferentes índices de inflação ao consumidor.
Diferenças
Cada um dos índices é calculado a partir de uma metodologia diferente, com abrangências geográficas diferentes. O IPC-FIPE, por exemplo, mede a inflação ao consumidor específica da cidade de São Paulo, enquanto o IPCA é uma média ponderada da variação de preços em dezesseis capitais estaduais do Brasil. Existem também os índices de inflação setoriais como o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC).
FRASE
"É importante ter cautela, planejar bem seu consumo e usar o crédito de modo responsável."
Matheus Peçanha, pesquisador da FGV
Índice de Natal
Se houvesse um índice de inflação do Natal, em que nível ele estaria? A FGV realizou um estudo para responder a essa pergunta, comparando os produtos que tradicionalmente fazem parte da ceia de Natal, além dos presentes mais típicos, e analisando sua variação de preços em relação ao ano passado. Os preços foram coletados dentro da metodologia do IPC-DI da FGV, que analisa a inflação ao consumidor para famílias nas sete maiores capitais brasileiras.
Inflação do Natal 2
A conclusão da entidade de pesquisa é de que a Inflação do Natal foi mais alta do que a observada pela maioria dos índices de inflação ao consumidor. O "Índice de Inflação do Natal" deste ano teria ficado em 11%, acima das variações observadas pelo IPC-DI, IPCA e IPC-FIPE. E da mesma forma como acontece com esses outros índices, também a Inflação do Natal teve seus vilões.
Ceia
Os alimentos para a ceia foram os produtos que tiveram os maiores aumentos, chegando a uma variação média de 16% em relação ao Natal passado. Apesar das carnes suínas ficarem com seus preços praticamente estáveis (caso do lombo e do pernil), tiveram grandes aumentos as frutas (+38,8%), a farinha de trigo (+30%) e a batata (+29,9%). Também tiveram aumentos expressivos o leite (+18,8%), ovos (20,1%) e o frango (11,9%).
Presentes
Segundo a pesquisa, os presentes tiveram aumento médio de 7,0%. Enquanto o preço dos eletrônicos ficou praticamente estável, a alta foi puxada especialmente pelos itens de vestuário, que tiveram elevação média de preço de 10,6% em relação ao Natal de 2021. Também tiveram aumentos os acessórios (+6,4%), itens de recreação e cultura (+5,9%), e itens de saúde e beleza (+5,7%).
Produtos
Os produtos individuais que tiveram os maiores aumentos em relação ao ano passado foram roupas masculinas (+12,8%) e femininas (+11,0%), calçados (+9,6%), brinquedos (+8,5%), livros (+8,4%), produtos para barba (+8,2%) e cintos e bolsas (+8%). Por outro lado, os preços dos aparelhos eletrônicos ficaram praticamente estáveis, com os celulares inclusive tendo uma variação levemente negativa (-0,1%).
Variações
O cálculo de um índice de inflação do Natal ilustra bem como as diferentes medidas de inflação refletem as diferenças de metodologia, levando a resultados diversos. Os índices de inflação ao consumidor representam médias abrangentes, que podem diferir muito da elevação de preços sentida pelos consumidores individuais.
Combustíveis
O fator que tem puxado os índices de inflação ao consumidor para baixo é a queda no preço dos combustíveis, causada especialmente pela retirada do ICMS e outros impostos sobre estes. Os outros de produtos continuam com preços pressionados e a Inflação do Natal captura somente essa pressão, já que combustíveis não fazem parte dos presentes de Natal. No entanto, do jeito que as coisas andaram, um "tanque cheio" não seria nada mal como presente de Natal.