XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Inflação de Setembro

Estéfano Barioni
14/10/2022 às 13:04.
Atualizado em 14/10/2022 às 13:04
Inflação (Pixabay)

Inflação (Pixabay)

O resultado do IPCA de setembro, divulgado nesta quarta-feira, mostrou nova deflação mensal. O índice oficial de inflação teve recuo de -0,29% no mês passado e foi o terceiro mês consecutivo de variação negativa registrada. Com este resultado, a inflação acumulada em 12 meses cai ao nível de 7,17% ao ano, atingindo o nível mais baixo para a inflação acumulada desde abril do ano passado. 

Tendência

Entender o que está determinando a atual queda da inflação e se as razões são consistentes com uma queda mais duradoura é mais importante do que o valor do índice propriamente dito. É mais importante porque a inflação que pesa no seu bolso não é a do IPCA. Esse índice é uma média de preços em diferentes capitais do Brasil, e o seu padrão de consumo particular pode ser bem diferente. Mas a tendência dos preços, esta sim pesa no seu bolso. 

FRASE

"Os efeitos monetários sobre os preços são complexos."

Gregory Mankiw, economista norte-americano

Concentração
Neste mês que passou, o comportamento do IPCA foi mais distribuído. Enquanto em agosto e julho a deflação ficou concentrada em apenas dois grupos de bens e serviços, agora quatro dos nove grupos de abrangência do IPCA apresentaram variação negativa de preços. Apenas com uma tendência de queda de preços em produtos e serviços de diferentes naturezas, o processo desinflacionário pode se sustentar.

Altos e Baixos
Os grupos que registraram recuo dos preços foram Comunicação (com variação de -2,08%), Transportes (variação de -1,98%), Alimentos e Bebidas (variação de -0,51%) e Artigos de Residência (variação de -0,13%). Os maiores aumentos vieram dos grupos de Vestuário (com variação de +1,77%), Despesas Pessoais (+0,95%), Habitação (+0,60%) e Saúde e Cuidados Pessoais (+0,57%).

Combustíveis
O maior impacto veio do grupo de Transportes, com redução no preço dos combustíveis, devido ao peso que estes possuem no orçamento das famílias. O preço da gasolina teve redução de -8,33%, o etanol recuou -12,43%, e o óleo diesel teve queda de -4,57%. Em setembro, a Petrobras reduziu o preço nas refinarias em 7% para a gasolina e em 6% para o óleo diesel.

Transportes
Apesar do comportamento do IPCA se apresentar mais distribuído em setembro, mais uma vez o grupo de Transportes foi predominante. Se o grupo de Transportes fosse excluído do cálculo do IPCA, a inflação de setembro teria sido de +0,12. De todo modo, +0,12% estaria muito abaixo do valor da inflação verificada em setembro de 2021, quando o IPCA registrou +1,16%. 

Outras Quedas
No grupo de Comunicação, a variação negativa ocorreu motivada especialmente pela queda do custo de acesso à internet (-10,55%) e de telefonia, internet e TV por assinatura (-2,70%). No grupo de Alimentação e Bebidas, houve um expressivo recuo no preço do leite longa vida (-13,71%) e no óleo de soja (-6,27%). Apesar da queda, o preço do leite continua com uma alta acumulada de 37% nos últimos doze meses. 

Aumentos
Entre os aumentos, destacam-se altas no preço de passagens aéreas (alta média de +8,22%), transporte por aplicativo (+6,14%), pacotes turísticos (+2,30%), serviços bancários (+1,56%) e energia elétrica residencial (+0,78%). Depois de um leve recuo por causa da retirada de impostos, o preço médio da eletricidade volta a subir novamente por conta das revisões tarifárias. 

Projeção
Para os próximos meses, o IPCA não deve mais registrar variações negativas. No entanto, as altas deverão ser significativamente menores do aquelas registradas no final de 2021. Portanto, no acumulado em doze meses a inflação deve continuar recuando e fechar 2022 por volta de 5,7% ao ano. Continua acima, mas já estará próxima do teto da meta para a inflação que é de 5,0%. 

Futuro
Para 2023, não se espera um grande recuo adicional da inflação. As previsões do mercado são de que o IPCA termine 2023 por volta dos 5% ao ano. Mas até lá muita coisa ainda irá acontecer. Entre os muitos riscos que podem afetar a inflação, estão o desequilíbrio fiscal e os preços administrados represados. 

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por