Inflação (Pixabay)
A inflação de março foi divulgada nesta semana pelo IBGE, e a variação registrada pelo IPCA apresentou uma alta de 0,71% em relação ao mês de fevereiro. O valor foi menor do que o antecipado pelo mercado, que projetava uma alta de 0,76% no mês e isso trouxe otimismo e valorização dos ativos ao setor financeiro. O principal motivo do otimismo é que, com o IPCA de março, depois de muito tempo a inflação anualizada no Brasil recua para abaixo do teto da meta.
Meta de inflação
A meta de inflação para este ano é de 3,25%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo e para cima. Dessa forma, fica estabelecido um limite mínimo de 1,75% e um limite máximo de 4,75%, dentro do qual deve ficar a inflação medida no fim do ano. Se o IPCA terminar o ano entre 1,75% e 4,75% ao ano, considera-se que a meta de inflação foi cumprida.
FRASE
"Taxas de juros mais altas por mais tempo aumentarão as vulnerabilidades do setor financeiro
Fernando Haddad, ministro da Fazenda
Inflação anualizada
Com a variação registrada em março, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses recua a 4,65% ao ano, portanto ficando dentro do intervalo que define a meta de inflação vigente. A inflação no Brasil se encontrava acima do teto da meta já há exatos dois anos. Em março de 2021, o IPCA rompeu o teto da meta e rapidamente a inflação passou a escalar, chegando a superar 12% ao ano. Agora, o índice finalmente recua para dentro do intervalo.
Altas
No mês de março, foi registrado aumento de preços em oito dos nove grupos de produtos e serviços que formam o IPCA. O único grupo que registrou redução de preços foi o de Artigos de Residência (com variação de -0,27%). Todos os demais grupos tiveram aumentos, que ficaram entre +0,05% até uma alta de +2,11%, caso do grupo de Transportes, cuja elevação provocou mais da metade da alta mensal do IPCA.
Combustíveis
A alta no grupo de Transportes foi devida aos combustíveis, especialmente por causa da reoneração dos tributos federais sobre a gasolina e o etanol. Em março, a gasolina teve alta de +8,33% em relação a fevereiro, enquanto o etanol teve alta de +2,30%. O óleo diesel e o gás natural veicular, ambos combustíveis que tiveram a desoneração dos tributos estendida até o fim do ano, tiveram quedas de -3,71% e -2,61%, respectivamente.
Saúde
A segunda maior fonte de alta no IPCA veio do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, que teve elevação de +0,82%, novamente influenciado pelo aumento dos planos de saúde (+1,20%), que seguem realizando a incorporação das frações mensais dos planos novos e antigos reajustados no ciclo 2022/2023. Também tiveram aumentos expressivos os itens de higiene pessoal, com alta de +0,72%.
Habitação
O grupo de Habitação foi o terceiro com maior impacto sobre o IPCA, com alta de +0,57% no mês. Nesse grupo, a elevação foi puxada pela energia elétrica residencial, que teve alta de +2,23% no mês. O aumento foi principalmente provocado pela reinclusão das tarifas de uso dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia (TUST e TUSD) na base de cálculo do ICMS das contas de luz.
Alimentos
O grupo de Alimentos e Bebidas registrou uma quase estabilidade de preços, com um leve aumento de +0,05%. Houve queda expressiva na batata-inglesa (-12,80%), na cebola (-7,23%), no óleo de soja (-4,01%) e no preço das carnes (-1,06%). Por outro lado, outros itens tiveram aumentos, como a cenoura (+28,58%) e o ovo de galinha (+7,64%). A alimentação fora do domicílio também teve aumento, com alta de +0,60%.
Juros
O retorno do IPCA para dentro do intervalo que define a meta de inflação não significa que já teremos cortes da taxa de juros. É claro que esse é um fato positivo e mostra que uma parte do trabalho foi feita, mas a decisão da taxa de juros é tomada olhando-se para o futuro, para os meses que virão, enquanto o IPCA mostra o resultado dos meses que passaram. A próxima reunião do Copom acontece em três semanas, nos dias 02 e 03 de maio.