XEQUE-MATE ECONOMIA / POR ESTÉFANO BARIONI

Inflação

Estéfano Barioni
12/07/2022 às 10:18.
Atualizado em 12/07/2022 às 10:18
Inflação (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Inflação (Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

Na semana passada foi divulgado o IPCA do mês de junho. O índice de inflação de referência para a condução da política monetária ficou em 0,67%, acima da inflação registrada em maio, que foi de 0,47%. Com o valor observado, a inflação no acumulado dos últimos 12 meses teve uma leve aceleração, alcançando 11,89% ao ano. Em maio, o IPCA acumulado havia sido de 11,73%.

Inflação 2

O valor da inflação acumulada em 12 meses é o segundo maior dos últimos 18 anos no Brasil, ficando apenas atrás da inflação acumulada registrada em abril deste ano, que havia superado o nível dos 12% ao ano. Somente neste ano, a inflação já acumula 5,49%. Bastaram 6 meses para a inflação superar o teto da meta de inflação do ano todo. 

FRASE

“A indexação pode limitar a flexibilidade da política orçamentária e levar a uma inflação mais alta."

Edward Whitehouse, economista britânico

Aumentos 

A inflação ainda persiste. Dos nove grupos de bens e serviços monitorados pelo IPCA, todos tiveram aumentos de preços, sendo que quatro deles tiveram aumentos superiores aos que haviam sido registrados em maio. É esperado que os efeitos do aperto monetário demorem até seis meses para acontecer, mas ainda não é possível verificar resultados efetivos contra a alta dos preços.

Aceleração

Os grupos de bens e serviços que tiveram variações de preços acima das registradas em maio, contribuindo assim para a aceleração da inflação, foram: Alimentação e Bebidas, Habitação, Saúde e Cuidados Pessoais, e Educação. Sozinhos, esses grupos foram responsáveis por uma inflação de 0,39% no mês de junho.

Saúde

O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais teve aumento de 1,24%, com a alta sendo puxada pelo custo dos Planos de Saúde. Estes registraram aumento médio de 2,99%. No fim de maio, a Agência Nacional de Saúde (ANS) autorizou um reajuste de até 15,5% para os planos individuais, valendo para o período entre maio deste ano e abril de 2023. 

Alimentos

No grupo de Alimentos e Bebidas, que teve alta de 0,80%, os itens com os maiores aumentos foram o leite longa vida (10,7%) e o feijão carioca (9,7%). A alimentação fora de casa também teve aumentos, com o custo médio da refeição subindo 0,95% e o custo de lanches tendo alta de 2,21%. Com a alta dos preços e o orçamento mais apertado, muitas pessoas que comem fora de casa têm trocado refeições por lanches, fazendo o preço desses subir.

Habitação e Transportes

O grupo de Habitação registrou aumento de 0,41%, voltando a subir depois que os efeitos da extinção da bandeira tarifária escassez hídrica já foram totalmente absorvidos na energia elétrica. O grupo de transportes teve aumento médio de 0,57% com aumentos no óleo diesel (3,82%) e no gás natural veicular (0,30%) e reduções de preços na gasolina (-0,72%) e no etanol (-6,41%).

ICMS

No próximo mês, o IPCA deve absorver quedas nos preços dos combustíveis devido às reduções do ICMS promovidas em vários estados. No dia 27 de junho, o estado de São Paulo anunciou redução da alíquota do ICMS, que passou de 25% para 18%, sobre a gasolina e também sobre a energia elétrica. A variação de preços na capital paulista tem um peso de quase 25% no IPCA. 

Distribuição

A inflação geral continua alta e persistente. Mês após mês, vão se alternando os principais itens responsáveis pela elevação do índice final de inflação, o IPCA. Em um momento o principal aumento é causado pela energia elétrica, em outro é a gasolina, depois é o trigo, a carne, as mensalidades escolares, e assim por diante. Sinal de que a escalada de preços está distribuída em todos os setores da economia. 

Economia Indexada

Além disso, a alta dos preços se autoalimenta. Isso é consequência de nossa economia altamente indexada, como se vê no caso dos planos de saúde. O IPCA deste mês ficou em 0,67%, sendo que 0,10% é exclusivamente devidos aos reajustes dos planos de saúde. Por sua vez, os reajustes dos planos de saúde foram autorizados justamente para compensar a alta da inflação, que é capturada pelo IPCA. É um ciclo que se autoalimenta. 

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