xeque-mate da economia

Inflação

Estéfano Barioni
09/06/2022 às 19:34.
Atualizado em 10/06/2022 às 08:27
A inflação do mês, medida pelo IPCA, ficou em 0,47% (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

A inflação do mês, medida pelo IPCA, ficou em 0,47% (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O IBGE divulgou a inflação de maio. A inflação do mês, medida pelo IPCA, ficou em 0,47%. É um valor bem abaixo da inflação dos últimos dois meses. Em abril a variação do IPCA foi de 1,06% enquanto em março a variação do IPCA havia sido de 1,62%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação recuou para 11,73%. Em abril, a inflação acumulada estava em 12,13% ao ano. 

Redução

A inflação de maio ficou abaixo da inflação do mês passado, assim como da inflação verificada no mês de maio do ano passado (que tinha sido de 0,83%) e também das projeções do mercado para a inflação mensal, que estavam em torno de 0,60%. Por outro lado, no ano de 2022, a inflação acumulada até o mês de maio já alcança 4,78%, encostando no teto da meta para o ano, que é de 5%. 

FRASE

"Inflação é taxação sem legislação."
Milton Friedman, economista norte-americano

Aumentos 

Apesar da boa surpresa, nem tudo são notícias boas. O IPCA é calculado pelo acompanhamento dos preços de diferentes produtos e serviços em grandes regiões metropolitanas brasileiras. Esses produtos e serviços são divididos em nove grupos. Dos nove grupos monitorados, oito apresentaram aumento de preços. Desses oito grupos, cinco apresentaram aumentos menores do que os verificados no mês de abril (bom sinal) e três tiveram aumentos maiores (mau sinal).

Aceleração

Os grupos que tiveram variações de preços maiores do que as registradas em abril, sendo assim grupos que estão indicando aceleração da inflação, foram Vestuário, Despesas Pessoais e Comunicação. Felizmente, esses itens não pesam tanto no orçamento familiar e seu impacto combinado foi de apenas 0,18 pontos percentuais do IPCA (menos da metade da inflação mensal). 

Transportes

O grupo que teve maior impacto na inflação do mês de maio foi novamente o grupo de transportes, que sozinho provocou 0,30 pontos percentuais do índice. Um dos grandes fatores responsáveis pelo aumento foi o preço das passagens aéreas, que subiram 18,33% no mês. Vale lembrar que, por conta das férias no hemisfério norte, essa é a alta temporada de viagens, e que o preço do combustível de aviação foi reajustado recentemente. 

Transportes 2

Foi registrado novo aumento no preço dos combustíveis, que na média ficaram 1% mais caros em relação a abril. A gasolina teve aumento médio de 0,92% enquanto o etanol apresentou redução de -0,43%, depois de uma forte alta de mais de 8% em abril. Outro fator que provocou o aumento da inflação nesse grupo foram as tarifas de ônibus. Na cidade de São Paulo, o reajuste na tarifa foi de 41,5%.

Habitação

O único grupo de produtos e serviços que registrou queda de preços foi o de Habitação, com recuo de -1,7%. A queda novamente foi provocada pela redução do preço da energia elétrica, ainda capturando os efeitos da extinção da bandeira tarifária "escassez hídrica". Na medição do IBGE, os preços da eletricidade tiveram recuo médio de -7,95%.

Eletricidade

A má notícia é que os efeitos da extinção da cobrança adicional, imposta pela bandeira tarifária, vão ficar por aí mesmo. Nas próximas medições do IPCA, que compara a variação de preços mês a mês, a extinção da cobrança extra de R$ 14,20 para cada 100 kWh consumidos, já não terá efeito nenhum, e podemos até ver os preços da eletricidade voltarem a subir por conta dos reajustes tarifários. 

Consistência

É muito importante que o índice de inflação comece a cair. Portanto, a medição do IPCA de maio traz uma boa notícia. No entanto, ainda é cedo para atribuir a redução a um efeito da política monetária, especialmente porque essa redução foi causada por um evento singular. É preciso aguardar uma redução mais consistente para saber que estamos no caminho certo.

Perspectiva

Nos dias 14 e 15 deste mês, o Copom se reunirá novamente para definir os rumos da política monetária. É certo que acontecerá um novo aumento da taxa de juros, provavelmente elevando a taxa Selic para 13,25% ao ano. Somente os acontecimentos de junho e julho definirão se esse será o fim do ciclo da alta de juros. 
 

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