xeque-mate da economia

Inflação

Estéfano Barioni
12/05/2022 às 20:21.
Atualizado em 13/05/2022 às 10:28
A inflação de abril, medida pelo IPCA, ficou em 1,06% (Divulgação)

A inflação de abril, medida pelo IPCA, ficou em 1,06% (Divulgação)

A inflação de abril, medida pelo IPCA, ficou em 1,06%. É um valor mais baixo do que a inflação registrada em março, quando o índice teve aumento de 1,62%. No entanto, a inflação deste mês de abril superou a inflação verificada em abril do ano passado, que havia sido de apenas 0,31%, provocando um aumento da inflação no acumulado em 12 meses, que agora já alcança 12,13%. 

Preços em Alta

Na verdade, a inflação registrada neste mês de abril não é somente mais alta do que a inflação verificada em abril do ano passado, mas também é a inflação mais alta para um mês de abril desde 1996. Assim, mais uma vez, registra-se um avanço na inflação. No mês anterior, a inflação acumulada nos 12 meses anteriores estava em 11,3%.

FRASE

"Infelizmente, é impossível controlar a inflação por simples tabelamento de preços e punição dos especuladores."
Roberto Campos, economista brasileiro

Mau Começo

Nos primeiros quatro meses de 2022, a inflação já acumulou alta de 4,29%. Os primeiros quatro meses deste ano já foram suficientes para superar o centro da meta de inflação do Banco Central, que é de 3,5% ao ano. Em termos de inflação, este é o pior começo de ano desde a implementação do Plano Real. Se todo o ano continuasse nesse ritmo, terminaríamos 2022 com uma inflação de quase 13,5%. 

Política Monetária

Mas é claro que o esperado é que o restante do ano não seja como esses quatro primeiros meses. É muito provável que estejamos perto do máximo que a inflação irá atingir e que, em breve, os efeitos da política monetária contracionista começarão a aparecer sobre os preços. A menos que as condições econômicas externas piorem ainda mais e surjam novos choques de oferta. 

Inflação

A inflação alta tem sido um desafio em todo o mundo. Na Europa e nos Estados Unidos, a inflação está nos níveis mais altos dos últimos 40 anos. As causas são o aumento dos custos da energia, provocadas pela alta do petróleo e do gás natural, e os choques de oferta devido a dificuldades logísticas e novos fechamentos na China por conta da Covid-19. Além disso, alguns estímulos à economia estão se mantém, aquecendo a demanda.

Alta de Juros

Nos Estados Unidos a alta dos juros que foi iniciada no começo deste ano já começou a fazer efeito. A inflação acumulada em 12 meses até abril foi menor do que a inflação acumulada até o mês de março. Por outro lado, a redução foi menor do que o esperado e certamente o processo de elevação das taxas de juros irá avançar por lá. 

Vilões

Por aqui a inflação tem sido motivada especialmente por conta dos alimentos e dos combustíveis. O grupo de Alimentos e Bebidas teve alta de 2,06% em abril enquanto o grupo de Transportes registrou alta de 1,91%, com elevações expressivas no preço do etanol (8,44%), óleo diesel (4,74%) e gasolina (2,48%).

Eletricidade

O único grupo de bens e serviços que apresentou queda de preços em abril foi o grupo de Habitação, com redução de -1,14%. Embora o gás de botijão tenha tido aumento médio de 3,32%, a queda nos gastos deste grupo foi influenciada pela redução nos preços da energia elétrica, com retração de -6,27%, devido à extinção da bandeira tarifária "escassez hídrica", ocorrida no dia 16 de abril. 

Conta de Luz

Por outro lado, muitas cidades já estão passando por reajustes nas tarifas de eletricidade de suas distribuidoras. Nos últimos dois meses, seis capitais brasileiras, incluindo o Rio de Janeiro, tiveram os preços da eletricidade aumentados, com índices de reajuste que variaram entre 15% e 25%. Mas os impactos na conta de luz tendem a ser menores, por diferentes fatores que influenciam o valor final da conta. 

Perspectiva

Mesmo com as influências externas e com o novo reajuste que a Petrobras promoveu no preço do óleo diesel nas refinarias (quase 9% de alta nesta semana), a tendência é que a inflação comece a ceder, podendo apresentar um leve recuo no acumulado em 12 meses já a partir do mês que vem. No entanto, este será um processo lento e níveis mais normais de inflação só serão vistos em 2023.
 

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