Foi divulgado o IPCA-15 do mês de abril (Reprodução)
Foi divulgado o IPCA-15 do mês de abril. Por medir as variações dos preços ao consumidor entre a última quinzena do mês de março e a primeira quinzena do mês de abril, o IPCA-15 funciona como um tipo de prévia da inflação oficial, que é medida pelo IPCA e calculada para o mês cheio. Os valores registrados nunca são os mesmos, mas por ser calculado com 15 dias de antecedência, o IPCA-15 ajuda a antecipar tendências do comportamento do IPCA.
IPCA-15
Dessa vez, o IPCA-15 ficou abaixo do valor projetado pelo mercado, o que é uma boa notícia, fechando abril em 1,73%. O mercado projetava um aumento ainda maior, de 1,85%. Com a variação o índice alcança uma aceleração em relação ao mês anterior (em março, o IPCA-15 havia ficado em 0,95%) e a inflação acumulada em 12 meses por esse índice chega a 12,03%.
FRASE
"O atual processo inflacionário é inédito, não há um playbook, não há para onde olhar e se pautar"
José Júlio Senna, ex-diretor do BC
Aceleração
Apesar da variação ter sido menor do que o esperado pelo mercado, a má notícia é que a inflação continua acelerando. Essa foi a maior variação de preços medida pelo IPCA-15 para um mês de abril desde 1995, ainda no princípio do plano Real. Dos nove grupos de bens e serviços que compõem a cesta do IPCA-15, oito registraram alta em abril.
Combustíveis
A maior variação veio por conta dos combustíveis, que tiveram aumento de 7,54% em abril. No dia 11 de março, a Petrobras reajustou os preços da gasolina e do óleo diesel vendidos às distribuidoras, impactando fortemente no IPCA-15 deste mês. Em abril, foram registrados aumentos de 7,51% na gasolina, de 13,11% no óleo diesel e de 6,60% no etanol.
Custos Indiretos
Além do impacto direto na inflação do mês, atingindo o consumidor final quando este abastece seu veículo, os combustíveis têm o potencial de produzir efeitos em cascata na inflação, conforme o aumento no custo dos transportes vai sendo repassado aos consumidores pelos fornecedores de outros bens e serviços. Esse efeito indireto demora algum tempo para aparecer.
Alimentos
Outro grupo que impactou bastante a alta do IPCA-15 foi o de alimentos e bebidas, que tiveram aumento médio de 2,25% em abril. Os principais aumentos vieram do tomate (26,17%), leite longa vida (12,21%), óleo de soja (11,47%), batata-inglesa (9,86%) e do pão francês (4,36%). Em conjunto, os grupos de transportes (que inclui os combustíveis) e de alimentos e bebidas foram responsáveis por mais de 70% da variação do IPCA-15.
Eletricidade
Por outro lado, o IPCA-15 de abril não pegou os efeitos da extinção da bandeira tarifária "escassez hídrica". Desde o dia 16 de abril, esse regime tarifário deixou de existir, fazendo com que deixe de acontecer a cobrança adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos. Os efeitos dessa redução não foram capturados pelo IPCA-15, mas terão influência no IPCA de abril.
Eletricidade 2
De qualquer forma, não se deve esperar grande alívio sobre a inflação a partir dos custos da eletricidade, pois os reajustes das tarifas das distribuidoras irão absorver uma boa parte da redução da bandeira tarifária. Assim, a inflação continuará com tendência de alta, especialmente com a chegada do inverno e da estação mais seca, que voltará a pressionar a geração de energia.
IGP-M
O IGP-M de abril também acaba de ser divulgado e ficou em 1,41%. Apesar de ainda muito elevado, o índice mostra um recuo em relação aos três meses anteriores. No acumulado dos últimos doze meses o IGP-M recuou para 14,66% que é o menor valor acumulado dos últimos 20 registros, causado especialmente pelo impacto da queda do dólar nos insumos. De qualquer forma, o índice continua mais elevado que o normal.
IPCA
Ainda existem muitas pressões inflacionárias agindo nos preços, tanto ao produtor como ao consumidor final. O IPCA de abril só será divulgado no dia 11 de maio. Mesmo que alguma redução no acumulado de 12 meses seja verificada, a tendência de alta pode durar mais alguns meses, certamente motivando maiores elevações dos juros.