XEQUE-MATE DA ECONOMIA

INFLAÇÃO

Estéfano Barioni/[email protected]
14/05/2024 às 20:46.
Atualizado em 14/05/2024 às 20:46
 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo)

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo)

O IPCA de abril, divulgado na sexta-feira passada pelo IBGE, revelou que a inflação ao consumidor teve uma pequena aceleração. O índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) teve variação mensal de +0,38% em abril, contra uma variação de +0,16% em março. A inflação registrada no mês passado também foi ligeiramente maior do que a expectativa do mercado, que esperava uma variação de +0,35%.

Acumulado

Por outro lado, a variação do IPCA de abril foi menor do que a inflação registrada em abril do ano passado, quando o IPCA teve alta de +0,61%. Com isso, o IPCA acumulado em doze meses alcança um novo recuo, passando de +3,93% (registrados em doze meses até março passado) para +3,69% (registrados nos últimos doze meses até abril). Apesar disso, esse movimento de recuo na medida acumulada do IPCA deve se reverter a partir de agora.

a frase

“A melhor maneira de manter a palavra é jamais empregá-la”
Napoleão Bonaparte, imperador francês

Acumulado 2 

As medidas do IPCA entre maio e agosto do ano passado foram baixas, com uma variação média de +0,13%. No conjunto desses quatro meses, o IPCA acumulou apenas +0,50% de variação. Assim, qualquer medida do IPCA nos próximos quatro meses que não for igualmente baixa, fará o índice subir no acumulado dos últimos doze meses. Se tivermos a mesma inflação de abril nos próximos quatro meses, o IPCA acumulado saltará de +3,69% para +4,75% ao ano.

Variações 

Em abril, dos nove grupos de produtos e serviços que formam o IPCA, seis tiveram variações positivas, um apresentou retração de preços e dois grupos ficaram praticamente estáveis. Os maiores aumentos mensais vieram dos grupos de Saúde e Cuidados Pessoais e de Alimentação e Bebidas. Outras altas importantes vieram dos grupos de Transportes e de Vestuário. A retração de preços aconteceu no grupo de Artigos de Residência.

Saúde 

A maior alta do mês ocorreu no grupo de Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de +1,16% no mês, motivada especialmente pela elevação de produtos farmacêuticos (alta média de +2,84%). Muitos medicamentos tiveram reajustes nos preços, chegando até a +4,50% em abril, incluindo medicamentos importantes como antidiabéticos (alta de +4,19%), antibióticos e anti-infecciosos (elevação de +3,49% no mês), e também hipotensores e hipocolesterolêmicos (+3,34%).

Alimentação 

Outro item de bastante impacto no IPCA de abril veio do grupo de Alimentação e Bebidas que teve alta de +0,70% no mês, contra um aumento de +0,53% no mês anterior. A alimentação no domicílio, que representa a conta do supermercado, teve alta de +0,81% em abril, influenciada pelo aumento no preço de produtos como o mamão (+22,8%), cebola (+15,6%), tomate (+14,1%), e o café moído (+3,1%).

Transportes

O grupo de Transportes apresentou leve alta de +0,14% em abril. As passagens aéreas voltaram a ter uma redução significativa (-12,1%), enquanto os combustíveis tiveram uma alta importante, com variação média de +1,74%. Em abril, na medição do IBGE, tiveram preços aumentados o etanol (+4,56%), a gasolina (+1,50%), e o óleo diesel (+0,32%). Apenas o gás natural veicular registrou queda (-0,51%).

Impactos 

Para os próximos meses, além dos efeitos já mencionados da inflação acumulada, teremos outros impactos nos preços. As condições climáticas continuarão impactando o preço dos alimentos e a tragédia que aconteceu no Rio Grande do Sul também se fará sentir. É impossível imaginar que um evento daquela magnitude não venha a ter consequências na oferta de alimentos que são produzidos na região.

Juros 

Com a inflação acumulada seguramente subindo nos próximos meses, será difícil que o Comitê de Política Monetária efetue novos cortes de juros em um horizonte próximo. Os próximos indicadores não devem ser animadores. A ata da última reunião do Copom será divulgada hoje pela manhã, mas é quase certo que não haverá nenhum comprometimento com novos cortes de juros. A Selic deve continuar em 10,5% ao ano durante os próximos meses e, provavelmente, até o final de 2024.

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