XEQUE-MATE DA ECONOMIA

Incertezas

Estéfano Barioni/[email protected]
24/05/2024 às 16:42.
Atualizado em 24/05/2024 às 16:42
 (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

(Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Apesar de alguns bons indicadores do desempenho econômico atual - como taxa de desemprego baixa, um PIB do positivo no primeiro trimestre, arrecadação federal recorde, e taxa de inflação atual dentro do intervalo da meta - alguns fatores têm aumentado a incerteza em relação ao futuro da economia, deteriorando as projeções de investidores e agentes de mercado e afetando as expectativas em relação ao crescimento.

PIB

O Banco Central divulgou sua prévia para o PIB brasileiro no primeiro trimestre desse ano. Segundo a medição do banco, no primeiro trimestre o PIB teve uma variação de +1,08% na comparação com o trimestre anterior (último de 2023). Embora o crescimento estimado não seja motivo suficiente para uma festa, a expansão é maior do que a registrada nos três trimestres anteriores, marcando o melhor resultado desde o primeiro trimestre do ano passado.

a frase

“Qualquer verdade é melhor do que dúvida indefinida."
Arthur Conan Doyle, escritor britânico

Indicadores 

A taxa de desemprego se mantém abaixo de 8%, ao mesmo tempo em que se verificou ganhos reais no rendimento médio dos trabalhadores. A inflação atual, embora não esteja no centro da meta, já se encontra dentro do intervalo de tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional, aos 3,69% ao ano. Além disso, a arrecadação recorde, embora não seja um fim em si mesmo, também é um indício de que o nível de atividade econômica vai bem. 

Risco 

Apesar de tudo isso, algumas preocupações com a condução da economia existem, tornando a perspectiva para o futuro menos otimista. O governo tem falhado em conseguir gerar resultados fiscais positivos. O avanço das despesas nos últimos meses é maior que o crescimento da arrecadação e a meta de superávit fiscal para o próximo ano já foi abandonada.

Fiscal 

Além disso, o governo tem dado demonstrações de que pretende intervir mais na economia, especialmente através da Petrobras e de outras estatais, aumentando o nível de investimentos públicos. No entanto, como existem diversas dúvidas sobre a qualidade desses investimentos e a geração de resultados obtidos a partir deles, o grande temor é de termos uma grande piora na situação fiscal a troco de nada. 

Expectativas 

A expansão de gastos estimula a demanda de curto prazo e torna as políticas de controle monetário menos eficientes no controle da inflação. Como consequência da deterioração dos resultados fiscais, há expectativa de que a inflação volte a subir, tornando mais difícil a continuidade da queda dos juros. A expectativa agora é de que o IPCA termine o ano aos 3,8% e a taxa Selic não caia abaixo de 10% ao ano. 

Juros Futuros 

A curva de juros futuros tem se elevado e os contratos de juros prefixados com prazos mais longos (10 anos para o vencimento) já estão sendo negociados com taxas de 11,77% ao ano. É normal que as taxas de contratos mais longos sejam maiores, para compensar o emprestador pelo prazo a mais que levará para receber seus recursos de volta, mas a curva de juros futuros mostra que não há grande expectativa de redução das ta

Deterioração 

Com juros mantidos por mais tempo em patamares elevados, o crescimento econômico deve sofrer. O sistema de expectativas de mercado do Banco Central revela diminuição na previsão para o crescimento do PIB deste ano, que agora é de 2,05%, e também uma piora na previsão para o resultado fiscal. Os agentes de mercado não acreditam que a meta de déficit fiscal zero será alcançada e projetam um déficit primário de -0,7% do PIB. 

Câmbio 

A taxa de câmbio também tem sofrido um processo de deterioração. A cotação do Dólar começou o ano abaixo dos R$ 5,00 e se manteve nesse patamar até o final de março, quando o cenário externo se tornou menos otimista. Agora a cotação já está em torno de R$ 5,12 e existem bancos projetando o Dólar aos R$ 5,20 no fim do ano. Não é certo que isso aconteça, mas enquanto persistirem as fragilidades da situação fiscal, certamente a taxa de câmbio não voltará para menos de R$ 5,00.

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